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53. CAPÍTULO CINQUENTA E TRÊS

CAPÍTULO CINQUENTA E TRÊS
ato três: o príncipe mestiço

ALGUMAS HORAS ANTES da hora do almoço, Madame Pomfrey deu alta a Erika. Quase em uma leve bronca, ela ressaltou os cuidados que deveria ter a partir de agora, acrescentando que deveria ter cuidado ao voar na vassoura, pois as alturas pareciam aumentar sua pressão arterial. Ela também deixou claro para ela que suas emoções poderiam causar o mesmo efeito caso sofressem mudanças muito bruscas, qualquer emoção ou situação que causasse muitas emoções em pouco tempo faria com que o supressor bloqueasse o bombeamento do sangue rapidamente e ela desmaiaria.

Quando ela voltou para sua sala comunal, ela foi saudada por 'Take on me' tocando ao fundo, o que significava que Ernie estava lendo ou apenas saindo com outra pessoa. Assim que entrou Erika soube que tinha razão, seu amigo estava deitado lendo em uma das poltronas, totalmente relaxado. Seus pés se moviam levemente no ritmo da música e eu podia ouvi-lo murmurando a letra enquanto virava uma página.

— Acabei de sair da enfermaria, se eu ouvir essa música mais uma vez vou mandar me internar. — Erika reclamou brincando, soltando uma risada ao ver como o loiro pulou e agarrou seu peito assustado.

— Qual é o seu problema?! Quase morri de susto! — Ernie afirmou enquanto deixava o livro de lado e se levantava para ir abraçar a amiga. — Pensamos que iriam te dar alta depois do almoço.

— E pensei que vocês iriam me ver mais cedo.

— Não se preocupe, ninguém sai daqui cedo no domingo. — ele bocejou, coçando a cabeça preguiçosamente. — Além disso, presumimos que Hermione estaria la. Ela não ficou acordada até tarde?

— Sim, foi. Lea a levou para sua sala comunal aproveitando que ela tinha patrulha. — Erika sorriu ao se lembrar de como Hermione acenou em despedida enquanto seguia a Corvinal.

O olhar de Erika caiu em direção às escadas que levavam aos quartos e sua expressão imediatamente mudou para tristeza, e Ernie imediatamente soube para onde estavam indo seus pensamentos.

— Ela está bem. — Ernie disse suspirando com toques tristes. — Susan mencionou que ela está procurando fazer coisas para não pensar no que aconteceu. Acho que é a maneira dela de tentar não cair em um buraco depressivo.

— Sim... É o melhor que ela pode fazer. — Erika admitiu baixando um pouco o olhar.

Ela decidiu subir para seu quarto. Lentamente, passo a passo, até que depois de passar por muitas portas naquele corredor, ela alcançou a sua. Ela respirou fundo e soltou o ar antes de abrir a porta naturalmente.

Ela ficou surpresa ao ver Hannah e Susan em suas respectivas camas, The Witches of Macbeth tocando ao fundo, especificamente uma balada que elas sempre ouviam quando não queriam sair do quarto naquele dia.

— Ah, Eri. — Susan cumprimentou com um sorriso, levantando os olhos de seu livro. — Justin nos contou ontem à noite que você acordou. Ele mencionou que Hermione estava hospedada com você, então não fomos ver você.

— A verdade é que não tive vontade de acordar cedo no domingo. — a loira admitiu, deixando a revista de lado para se aconchegar mais na cama.

— Eu não culpo você. — Erika admitiu com um leve sorriso enquanto olhava pela janela. Algumas árvores tinham neve, não muita, mas mesmo assim. — Vocês acham que vai ser assim o dia todo?

– Neve? Não sei. — a ruiva murmurou enquanto voltava sua atenção para uma das janelas. — Dá para ver um solzinho entre as nuvens, por quê?

Erika apenas encolheu os ombros como se não fosse nada, foi até a mala e começou a procurar roupas. Na noite anterior ela havia dito a Hermione que queria ficar com ela, vendo isso literalmente ela a pediu em namoro, mas não havia nada de romântico em fazer isso dessa forma. Erika tinha que perguntar a ela corretamente, de uma forma perfeita.

O único problema era que não sabia onde fazer e muito menos o que vestir.

Ela começou a remexer em suas roupas sob os olhares estranhos de suas amigas. Elas viam que ela jogava tudo na cama ou no chão, onde o destino da roupa quisesse. Mais do que procurar algo ela estava bagunçando tudo, fazendo com que seu leve estresse de querer fazer algo perfeito para Hermione fosse perceptível.

— Se você quer organizar suas coisas, deixe-me dizer que você está começando mal. — Hannah comentou se levantando da cama.

— Não estou organizando, estou procurando algo decente para hoje. — sem olhar para elas, Erika continuou procurando roupas em sua mala, pegando algumas roupas para ver se combinavam ou não antes de jogá-las no chão.

— Está acontecendo alguma coisa hoje? — a cabeça de Susan inclinou-se curiosamente.

— Vou pedir a Hermione em namoro. — Erika disse naturalmente. Ela não percebeu quando suas duas amigas chegaram ao seu lado, pegaram-na pelos dois braços e obrigaram-na a sentar na cama.

— Literalmente ontem você ainda achava que ela te odiava e agora vem nos contar que vai a pedir em namoro. O que aconteceu na enfermaria? — Susan perguntou confusa, mas com um pequeno sorriso no rosto.

— As coisas sempre acontecem na enfermaria com você. Não é algo muito romântico na minha opinião, mas aí estão vocês duas...

— Mas presumi que algo assim aconteceria quando você acordasse. Depois do que aconteceu com Davis depois do jogo...

— Sim, é verdade!

— O que aconteceu com Davis depois do jogo? – a garota de olhos azuis perguntou imediatamente, um pouco assustada.

— Ela foi visitar você e Hermione quase lançou um feitiço de ranho de morcego nela. — a loira exagerou e Susan balançou a cabeça divertida.

— Tracey entrou na enfermaria, sem permissão, na verdade, e veio cuidar de você. Mas quando ela pegou sua mão você a rejeitou porque Hermione pegou a sua primeiro. — Susan explicou com um sorriso suave ao se lembrar do que aconteceu. — Faz sentido que agora você queira pedir a ela em namoro.

— E o que você vai fazer?

— Quero me vestir bem e...

— Não, Eri. O que você vai fazer? — a loira insistiu divertida. — Primeiro você tem que ver onde vai levar, quando tiver isso te ajudaremos a escolher uma roupa bonita para a ocasião.

Erika pensou por um momento, ela não sabia que lugar seria adequado para um momento tão importante como aquele.

— Não sei... Devo levá-la para passear?

— Hum... O que vocês gostam de fazer? — perguntou e acrescentou apressadamente. — Não quero detalhes, aliás.

A garota de olhos azuis revirou os olhos e começou a pensar nas coisas que ambas gostavam de fazer. As vezes que tinham encontros pequenos ou simplesmente se reuniam para conversar, faziam sempre à noite, porque era mais tranquilo e aproveitavam...

— Ver as estrelas. — Erika murmurou totalmente pensativa. — Gostamos de ver as estrelas.

— Ah, a torre de astronomia é perfeita para isso. — Susan propôs, mas Erika balançou a cabeça imediatamente.

— Mais pessoas podem chegar.

— Nos jardins! — Hannah entrou na sessão de brainstorming.

— As pessoas também podem chegar.

— Mas as pessoas podem ir para todos os lugares! — a loira reclamou, levantando as mãos exasperada. — Se os aurores não estivessem por toda parte, você poderia levá-la para o lago negro quando escurecesse.

Os olhos de Erika olharam para ela com um brilho específico e Hannah imediatamente deu um tapa na testa dela com a mão.

— Não, Eri! — Hannah a repreendeu, ouvindo como Susan a repreendeu por ter batido gentilmente na amiga. — Eu já te disse que os aurores não vão deixar você ir para o lago negro quando escurecer.

— Mas tem que haver pelo menos um que seja legal... — a mais alta murmurou enquanto acariciava a testa onde havia sido atingida.

— Acho que não... Outro dia fui ao corujal com o Ernie mas não deixaram porque o sol já estava se pondo. — Susan comentou tristemente.

— Olha, vai procurar algum lugar independente se eles podem interrompê-las ou não. Quando encontrar, avise-nos e veremos o que podemos fazer para que ninguém as incomode. — Hannah propôs e Erika assentiu rapidamente com um sorriso.

Sem pensar duas vezes ela saiu da sala após agradecer as amigas. Ela correu rapidamente em direção aos corredores do castelo com a intenção de encontrar o local perfeito, mas se não o fizesse, simplesmente optaria por um piquenique na torre de astronomia.

Claro, tudo seria mais fácil se os aurores não estivessem em todas as entradas do castelo para observar quem entrava ou saía.

Ao passar perto da entrada principal do castelo encontrou um rosto familiar. Seu cabelo de cor fantasia a tornava reconhecível a metros de distância. Ela rapidamente se aproximou de Tonks, que estava tentando bocejar sutilmente enquanto olhava para frente em modo de guarda.

— Olá, Tonks.

— Eri, olá! — o rosto da mais velha mudou rapidamente para um brilhante. — É por isso que gosto de ser obrigada a patrulhar Hogwarts, vejo rostos familiares e não é tão chato. Além disso, eles me trazem comida com mais frequência.

— Onde está Danielle? Achei que ela patrulhava aqui também.

— Danielle patrulha em todos os lugares, está muito exausta. — Tonks admitiu com complicação. — Você parece um pouco exausta também, está tudo bem?

Erika suspirou e contou tudo a ela. Desde o que aconteceu com Tracey, a briga que ela teve com Hermione, o tempo todo em que elas não se falaram, o que aconteceu com McLaggen até a última coisa que aconteceu depois da partida de Quadribol.

Tonks tentou acompanhá-la, mas a mini Frukke falou rápido demais para seu gosto. Ela fez rodeios e pulou de um assunto para outro e, para ser sincera, se perdeu desde o início. Tonks não sabia se Tracey era quem queria algo com Erika ou McLaggen.

Mas fofoca era fofoca.

— Então agora estou procurando onde pedir para Hermione ser minha namorada de uma forma decente. — Erika concluiu, soltando um último suspiro. — Preciso de um lugar onde possa ver as estrelas e ninguém para nos incomodar.

— Ah, eu lembro que quando eu estudava muitos iam para o lado negro em encontros e coisas assim. — a auror assentiu enquanto cruzava os braços pensativamente. — É claro que vocês não podem ir agora se quiser ver as estrelas, mas... Talvez eu possa abrir uma exceção para vocês. Claramente com a condição de ter que cuidar de vocês de longe.

— Realmente?! — a voz da Lufa-Lufa ecoou pelos corredores e alguns alunos que passavam se viraram para olhar para ela. — Posso tentar pegar a capa de invisibilidade de Harry para facilitar.

— Maravilhoso! Então esperarei por vocês no jardim do relógio depois do jantar.

— Muito obrigada, Tonks! — Erika abraçou forte a mais velha, que riu baixinho. — Eu te devo uma.

— Você não me deve nada, Eri. Se dependesse de mim, eu simplesmente deixaria que acontecessem assim, mas também não quero ter problemas. — com a mão ela deu um tapinha na cabeça da garota de olhos azuis. — Nos veremos daqui a pouco.

A Lufa-Lufa agradeceu uma última vez e continuou seu caminho, agora em busca de Hermione.

Ela caminhou por um longo tempo até encontrá-la descendo as escadas com Harry e Ron. Erika observou de longe a morena rir de algo que Ron estava dizendo exageradamente, fazendo caretas engraçadas.

Erika realmente iria convidá-la para sair para pedi-la em namoro. Foi avassalador, mas no bom sentido, um avassalador que não parecia um vazio desconfortável no estômago. Foi algo que aqueceu seu coração e a fez sorrir inconscientemente, só de pensar que depois do jantar e de passar um tempo no lago a relação entre elas mudaria.

Hermione Granger seria sua namorada.

Se ela aceitasse, é claro.

E se ela não aceitasse?

Ela imediatamente sentiu a ansiedade e um leve pânico tomarem conta dela, mas ela forçou a deixar isso de lado quando percebeu Hermione se afastando cada vez mais.

Não houve tempo para deixar sua ansiedade tomar conta dela.

— Hermione! — Erika decidiu chamar ela enquanto retomava sua caminhada em sua direção. Imediatamente a morena se virou ao reconhecer a voz dela.

Ron e Harry também se viraram, vendo como Erika se aproximava completamente rígida e com o olhar fixo em Hermione. O ruivo começou a se afastar enquanto levava Harry com ele para dar as pombinhas um tempo a sós.

— Olá, Eri. — Hermione cumprimentou com um sorriso contido. — Eu não sabia que você teve alta, estava planejando ir te ver daqui a pouco.

— Sim, sim. Você tem algo para fazer depois do jantar? — Erika perguntou impaciente e Hermione olhou para ela estranhamente por um segundo.

A Grifinória ficou um pouco surpresa com a mudança repentina de assunto e pela pergunta. Ela não tinha patrulha e já havia feito algum progresso em suas funções. Embora, para ser honesta, ela planejasse dormir cedo.

— Não muito. Por que?

Erika mordeu a língua ansiosamente e pigarreou de forma um tanto exagerada.

— Gostaria que você me acompanhasse ao lago esta noite. — a voz dela saiu um pouco tensa no início, mas com o passar da frase suavizou a ponto de ela parecer um pouco tímida.

— Ao lado à noite? Não acho que seja possível, Eri...

— Basta dizer sim. — Erika insistiu, mas imediatamente mudou de atitude. — Desculpe. É só que... Eu tenho tudo sob controle, eu juro. Esperarei por você do lado de fora da grande sala de jantar quando terminar o jantar, se puder usar a capa da invisibilidade, melhor.

— Ah, bem... Mas... Eri! — assim que ouviu uma resposta positiva ela viu como a Lufa-Lufa estava se afastando rapidamente em direção à sala comunal.

Hermione ficou parada no meio do corredor tentando entender o que estava acontecendo.

O dia passou normalmente, exceto para Erika que sentia que cada hora passava em um segundo e ela estava cada vez mais perto de pedir a Hermione em namoro.

Quando Hannah e Susan entraram no quarto depois de irem ao corujal, ouviram murmúrios vindos do banheiro. Não tão sutilmente, Hanna se aproximou para ouvir do que se tratava.

— ... E é por isso que quero que você seja minha namorada. Não, parece bobo. Muito pouco romântico. — reclamou Erika, que estava com o cabelo preso em um rabo de cavalo pela frente. Ela estava nervosa e limpou a garganta antes de murmurar novamente em uma performance bastante ruim. — Hermione, eu trouxe você aqui porque acho que você fica linda à noite. Ah, mas talvez ela pode achar que não fica bem durante o dia...

— O que diabos você está fazendo? — Hannah perguntou abrindo a porta do banheiro, assustando a amiga.

— Você não conhece uma coisa chamada "bater na porta"? — Erika reclamou com um grunhido, sentindo suas bochechas esquentarem de vergonha de ter sido pega praticando seu discurso.

— Não quando vejo minha melhor amiga conversando e se humilhando sozinha na frente do espelho. — a loira encostou-se no batente da porta enquanto cruzava os braços. — E isso é novidade, sabe? Humilhar-se sozinha.

— Você está praticando o que vai dizer para Hermione? — Susan entrou na conversa, espiando por trás do ombro de Hannah.

Erika assentiu com um suspiro, claro que iria praticar o que iria dizer, era algo importante para ela. Erika queria que fosse especial porque sabia tudo o que a Grifinória havia sofrido por sua causa. Aos olhos de Erika, Hermione Granger não merecia menos.

— Quero que seja perfeito para ela. — Erika admitiu esfregando as mãos no rosto em frustração. — Fiquei pensando um pouco e...

— Algo surpreendente, mas algo que você tem que parar de fazer neste caso. — Hannah interrompeu, ganhando um olhar feio da garota de olhos azuis. — Você não precisa pensar tanto nas coisas, Erika. Só porque Hermione é a melhor bruxa da nossa geração e é literalmente a senhorita perfeita, não significa que você também precise ser. — ela suspirou, relaxando os ombros. Sua voz suaviza um pouco. — O quão caótico você pode ser é bom para ela.

— Você deve ser você mesma, Eri. Ela gosta de você por ser você mesma e não por alguém que preparava tudo com antecedência. — Susan acrescentou com carinho. — Além disso, é óbvio que ela dirá sim. Ela está muito apaixonada por você.

— E se ela disser não, é só mostrar a foto dela que você tem na sua carteira.

A cabeça de Erika virou-se quase alarmada para Hannah, que sorria zombeteiramente para ela. Sim, Erika tinha uma foto de Hermione na carteira, não era mentira, mas ninguém precisava saber!

Foi especificamente a foto que ela tirou no Natal passado, onde Hermione olhou para a câmera depois de abraçar Harry e seu sorriso se alargou quando seu olhar se conectou com o de Erika através das lentes da câmera. O sorriso mais genuíno e lindo que ela já tinha visto.

Foi perfeito.

— Não... Você...! — Erika gaguejou irritada, com o rosto fervendo. — O que você estava fazendo olhando minhas coisas?!

— Amiga, você deixa suas coisas espalhadas. Você jogou sua carteira fora depois de ir para Hogsmeade outro dia e ela ficou aberta. Tenho olhos e sou fofoqueira, obviamente percebi isso.

— Você não precisa olhar minhas coisas! — Erika alegou envergonhada enquanto caminhava em direção à cama para ver suas roupas. — Bom, pelo menos não conte para ninguém. Não quero que Hermione pense que sou uma esquisita.

— Você não é esquisita por ter a foto da garota que você gosta na carteira, Eri. — Susan a tranquilizou enquanto se aproximava para ajudá-la com suas roupas.

Elas passaram alguns minutos combinando as roupas de Erika para ver se conseguiam montar algo decente que ela se sentisse confortável em usar na ocasião. Por mais que tentassem tirar da cabeça dela o fato de que tudo tinha que ser perfeito, era impossível, Erika era teimosa demais.

Quando chegou a hora do jantar, Erika decidiu passear pelos corredores para acalmar um pouco os nervos. Ela percebeu que havia muitos Aurores patrulhando os corredores, o que significava que elas teriam que andar com cuidado enquanto usavam a capa da invisibilidade.

Assim que sentiu seu corpo mais relaxado, foi até a grande sala de jantar, onde esperou do lado de fora, encostada na parede enquanto todos a olhavam com estranheza ao verem que ela estava muito bem vestida para uma noite de domingo.

— O que você está fazendo, Frukke? — a voz de Theodore Nott a tirou de seus pensamentos. O menino estava passando por Pansy, Daphne e Tracey. A última sem poder olhar para a Lufa-Lufa. — Não me diga que uma criatura mágica vai se casar hoje.

— Não perturbe. — a garota de olhos azuis reclamou, desviando o olhar. — Criaturas mágicas não se casam.

— Obviamente foi uma brincadeira. — ele riu, ganhando um golpe de Pansy. — Ai?

— Pare de perturbar e ande antes que Blaise te mate quando ele descobrir que você rasgou o cachecol favorito dele. — Pansy ameaçou, conseguindo arrancar um grito do garoto que acelerou seus passos.

Pansy se virou para analisar Erika por alguns segundos, olhando-a de cima a baixo com uma sobrancelha levantada quase de forma crítica. Sem dizer nada, Pansy acenou para ela, como se lhe desejasse sorte no que quer que estivesse fazendo.

E Erika ficou grata.

Ela ficou sozinha no corredor novamente e começou a brincar com o cabelo para acalmar os nervos. Ele havia crescido um pouco, poderia fazer um pequeno rabo de cavalo se quisesse, mas sentiu que ficaria um pouco ridícula se o fizesse, então preferiu deixar o comprimento do cabelo cobrir a nuca até tocar o início de seus ombros.

— Eu deveria ter me arrumado mais? — a voz de Hermione perguntou de repente, fazendo Erika levantar a cabeça rapidamente.

A Lufa-Lufa ficou sem palavras ao ver o sorriso de Hermione Granger na sua frente. Ela estava vestida com simplicidade, mas aos olhos de Erika ela era linda. Era como se todas as luzes que vinham da grande sala de jantar funcionassem como um holofote atrás da Grifinória, fazendo com que uma espécie de halo se formasse ao seu redor, deixando-a completamente atordoada.

— N-não, não. Você está perfeita. — Erika murmurou enquanto sua postura se endireitava. — Como sempre, só mais hoje. Não é que você não fosse perfeita antes, mas agora você se superou, mas não é que você não tenha se superado antes...

— Eri, você está divagando. — a morena riu baixinho ao sentir suas bochechas esquentarem com as palavras da Lufa-Lufa. Ela ergueu a mão onde a capa da invisibilidade de Harry estava dobrada. — Tem certeza que eles não vão nos pegar?

A preocupação na voz de Hermione era perceptível. Se elas, monitores, fossem pegas vagando no lago negro sem autorização dos aurores, muito menos de um professor, estariam em sérios apuros. E Hermione Granger não era de se meter em encrencas e ser pega ao mesmo tempo.

— Muito segura. — Erika assentiu com confiança, estendendo a mão para ela pegar. — Você não tem com o que se preocupar. Vamos.

Elas se colocaram sob a capa da invisibilidade e caminharam em direção ao jardim do relógio, evitando alguns aurores que passavam muito perto deles. Hermione prendeu a respiração quando eles tiveram que passar entre as duas, agarrando-se um pouco mais perto de Erika com medo de que algo tão pequeno quanto a respiração dela as denunciasse.

Tonks estava andando perto da passagem em direção à ponte de madeira e Erika se aproximou dela imediatamente.

— É seguro passar? — Erika perguntou em voz alta e Hermione apertou seu braço horrorizada.

Tonks deu um leve pulo e ao mesmo tempo soltou uma risada quando sua mão caiu no peito.

— Merlin, esqueci que vocês vinham! — Erika disse entre risadas, relaxando o corpo. — Vocês vão com calma.

A Lufa-Lufa assentiu como se pudesse vê-la e continuou andando, sentindo a mão de Hermione apertar a sua, perguntando silenciosamente o que havia acontecido.

— Tonks me deu a ideia e se ofereceu para nos deixar passar. — Erika explicou enquanto atravessavam a ponte de madeira. — Eu queria fazer algo legal para você sem que nos incomodassem, dentro do castelo seria impossível.

Hermione não sabia como responder a isso, então ela simplesmente se aproximou dela para abraçá-la um pouco, com o queixo apoiado no ombro.

Quando o lago negro ficou visível, decidiram que era um bom lugar para tirar a capa da invisibilidade. A brisa fria da noite as rodeava, assim como o canto dos insetos noturnos e de algumas corujas do corujal.

O olhar de Erika pousou no galpão onde ficavam os barcos que levavam os calouros no primeiro dia de aula. Uma ideia passou pela sua cabeça ao notar a calma das águas do lago.

— Tem alguma coisa errada? — Hermione perguntou quando chegaram ao pequeno cais no lago.

— Espere aqui um pouco, já volto. — Erika murmurou antes de começar a trotar em direção ao galpão.

Era uma ideia arriscada, elas sempre poderiam ficar na areia e sentar em algum tronco caído que estivesse ali, mas se isso pudesse melhorar a noite, ela ia fazer. Assim que entrou no galpão, ela girou a ponta da varinha para se movimentar melhor na escuridão. Ela procurou os recipientes e, por motivos óbvios, a maioria deles estava guardada e tinha uma camada protetora, exceto uma que parecia estar ali em caso de emergência.

Pedir perfeitamente Hermione Granger em namoro era uma emergência.

Ela abaixou cuidadosamente o barco do lugar, quase perdendo o equilíbrio com o quão pesado ele ficou repentinamente. Em desespero ela jogou-o na água, mas ele colidiu com a borda de concreto que servia de cais e isso chamou toda a atenção de Hermione.

— Eri? Você está bem? — a preocupação em sua voz era perceptível.

— Sim, acalme-se! — Erika assegurou enquanto olhava apavorada para o barco agora flutuando na água.

Ela decidiu esperar um pouco para ter certeza, para ter certeza de que não havia quebrado com o golpe e que não havia água entrando nele. Erika subiu com cuidado para verificar se estava intacto, vendo que não estava afundando ou rachado ela decidiu que era seguro para Hermione subir.

A Grifinória não pôde deixar de soltar uma pequena risada de surpresa ao ver como a Lufa-Lufa se aproximou dela enquanto ela remava em um dos barcos da escola. Ela percebeu que por um momento Erika teve dificuldade em coordenar o movimento dos remos para fazer o barco se mover de maneira eficaz, mas rapidamente pegou o jeito.

E, para ser honesta, não a incomodaria nem um pouco ver Erika remando por mais tempo.

— Você gostaria de fazer um passeio de barco esta noite, Srta. Granger? — perguntou a garota de olhos azuis ao se aproximar, deixando o barco na beira do pequeno cais para se levantar e estender a mão. — Prometo que valerá a pena.

— Com você? Será um prazer. — Hermione sorriu, pegando a mão dela para subir no barco com cuidado.

Erika garantiu que Hermione não tivesse problemas para entrar no barco, segurando sua cintura até que ela estivesse sentada e confortável. Erika rapidamente agarrou os remos e começou a remar lentamente até o meio do lago.

Erika estava tão focada no barco indo na direção certa que não percebeu como Hermione a observava atentamente. Ela adorava observar as pequenas expressões que a menina de olhos azuis fazia, como quando o barco fazia barulho ao virar, ou quando um remo quase escorregava. Mas o mais importante era o brilho dos olhos de Erika.

Ela sempre os achou lindos. Aquela cor azul celeste que brilhava refrescantemente com o sol e à noite brilhava de uma forma divina, como se nelas se refletissem as estrelas e o céu.

O barco parou no meio do lago, onde puderam ver o castelo iluminado com todos cumprindo sua rotina noturna, voltando para suas salas comunais, terminando o jantar, dando uma última caminhada, ou simplesmente saindo com os amigos e fazendo uma pausa do dever acadêmico. A lua cheia e as estrelas brilhavam sobre elas naquela noite silenciosa, algo que já estava se tornando um hábito para ambas. A noite lhes pertencendo, dando-lhes a privacidade e o silêncio que tanto procuravam durante o dia. A noite sendo cúmplice de cada uma de suas ações e ouvinte de cada um de seus pensamentos.

A Lufa-Lufa ficou em silêncio, tentando encontrar coragem no barulho da água abaixo do barco. Suas mãos se moviam ansiosamente em seu colo, ela tentava esconder o fato de que estava morrendo de nervosismo, tentando agir como se não estivesse com o coração na garganta. Ela esperava que fosse seu coração e nada mais.

Claro que isso não passou despercebido para Hermione, ela a via nervosa, notou até como ela tentava não morder a língua, aquele hábito que todos sabiam que ela tinha sempre que estava nervosa ou ansiosa.

Seria mentira dizer que Hermione Granger não estava tão nervosa ou até mais. Erika a estava convidando para sair depois de tudo o que disse na noite anterior? A garota de olhos azuis havia tecnicamente confessado e, com tudo o que fazia, tinha certeza do que aconteceria.

— Você está bem? — Hermione decidiu perguntar suavemente, notando como os olhos dela se moviam para qualquer lugar menos na direção dela.

Com a pergunta Erika sentiu seu corpo ficar ainda mais tenso, ela havia esquecido o que havia planejado para aquele momento e tudo o que havia praticado diante do espelho. Algo sobre o quão bonita ela parecia? Um comentário sobre como a noite estava agradável? Ela não se lembrava de tudo o que tinha a dizer antes de pedir em namoro.

Erika tinha tanto a dizer, tanto a expressar que não sabia como fazê-lo. Ela tinha Hermione na sua frente, linda como sempre. A lua acima delas e as estrelas atrás delas pareciam opacas com o brilho que Hermione Granger tinha nos olhos de Erika Frukke.

Erika tive que pedir a ela.

Erika respirou lentamente em seus pulmões.

Tinha que ser perfeito.

Erika olhou nos olhos dela, cheio de determinação.

Erika tinha que pedir a ela e tinha que ser perfeito.

— Você quer ser minha namorada? — a pergunta saiu de seus lábios antes que ela pudesse impedi-la. Um pensamento que surgiu quando não deveria e fez com que ela corasse muito e deixasse a cabeça cair para frente. — Não, espere, não era para ser assim! Eu pensei em voz alta! — Erika reclamou enquanto cobria o rosto com as duas mãos.

Hermione olhou para ela com uma mistura de surpresa e diversão, um pequeno sorriso reprimido começando a se formar em seu rosto. A pressa com que ela soou, como se estivesse contendo a vontade de fazer aquela pergunta, causou-lhe uma ternura inexplicável. Sua reação também, fazendo-o rir um pouco.

— Linda... — Hermione a chamou carinhosamente, pegando sua mão com ternura, com toda intenção de respondê-la.

— Espere, eu pratiquei para não dar errado e ainda assim...! — suas bochechas vermelhas trouxeram mais ternura aos olhos de Hermione. — Deveria ser perfeito.

— Sim, eu quero.

Assim que ela disse isso, as palavras da Lufa-Lufa pararam. Lentamente seu olhar encontrou o de Hermione, que sorriu de volta.

— Uh...

— Quero ser sua namorada, Erika. — Hermione esclareceu com uma pequena risadinha, que se transformou em risada ao ver a cara incrédula da menina.

— Realmente?! — de surpresa Erika se levantou no barco, fazendo com que ele se movesse de um lado para o outro com um pouco de força. Hermione teve que se segurar enquanto sorria e balançava a cabeça.

— Por que você está tão surpresa? Eu seria uma tola se rejeitasse você.

Erika olhou para ela com os olhos bem abertos, ainda processando tudo enquanto o barco se movia cada vez menos. Hermione Granger disse que sim. Hermione Granger agora era sua namorada.

Por Merlin.

Hermione Granger concordou em ser sua namorada!

Erika não esperou o barco parar de se mover para se aproximar da Grifinória e dar-lhe um pequeno beijo, ambas sorrindo. Suas duas mãos pousaram nas bochechas da morena, segurando seu rosto para beijá-la com força e ternura ao mesmo tempo, uma característica bem Erika se Hermione pensasse bem.

Quando elas se separaram não puderam deixar de soltar pequenas risadas, o nervosismo deixando seus corpos após aquele beijo e confissão.

— Você achou que eu iria te rejeitar depois de tudo que você me contou ontem? — a voz de Hermione saiu suave, seu olhar suavizando enquanto sua mão acariciava a bochecha de Erika novamente. — Estou um pouco ofendida por você ter pensado que eu iria rejeitar a pessoa mais linda que já conheci.

— Você está exagerando... — envergonhada, ela desviou o olhar, mas Hermione a forçou a olhar para ela com a outra mão na bochecha livre de Erika.

— Não estou exagerando, só estou falando a verdade. — Hermione garantiu ao mesmo tempo que seus polegares acariciavam o rosto macio da Lufa-Lufa. — Você é a garota mais linda que já conheci e não estou falando apenas do seu físico, mas também da sua personalidade e jeito de ser em geral. Você é uma pessoa querida, trata a todos com o mesmo nível de gentileza com que trata um Pelúcio. Você é genuína, Eri. E esse foi um dos motivos pelos quais comecei a me apaixonar por você. — seu olhar analisou o rosto da garota a sua frente, suas bochechas vermelhas brilhantes, seu olhar suave, como seu nariz enrugava contendo as lágrimas de vergonha que se acumulavam em seus olhos. — E não é só isso, é porque também você me vê como a pessoa que eu realmente sou. Não apenas a bruxa mais brilhante do seu ano, nem a melhor amiga do garoto que sobreviveu, mas você me vê como Hermione Granger, a garota que é teimosa, mandona e que adora aprender coisas novas.

Uma das mãos que estava na bochecha da garota de olhos azuis desceu até o peito de Erika, ficando onde ela podia sentir seu coração batendo acelerado por causa do nervosismo, excitação e milhares de outras emoções que passavam pela cabeça da garota mais alta.

— Isso é o que faz todo mundo se apaixonar por você, Eri. Você tem um coração grande e saber que ele bate assim por mim me deixa muito feliz. — Hermione finalizou dizendo, seu olhar cheio de carinho assim que voltou seu olhar para aqueles olhos cor de céu que ela tanto amava.

A Lufa-Lufa não sabia o que dizer com essas palavras, ela deveria fazer o discurso sobre por que havia se apaixonado por Hermione, mas a Grifinória foi mais rápida. Erika apenas olhou para ela com um sorriso atordoado que apareceu sem ela perceber, aqueles olhos cor de outono que a olhavam com uma ternura inexplicável e uma quantidade de amor que transbordava não só em suas palavras, mas também em suas ações.

Não foi uma competição, mas sentiu que, se não dissesse mais alguma coisa, pareceria estúpida. Mais do que já era naquele momento.

Ela respirou fundo e fechou os olhos enquanto se deixava levar pela sensação das mãos da morena em seu rosto, acariciando-a.

— Não é justo... Agora não sei o que te dizer. — a garota mais alta riu nervosamente, engolindo saliva para acalmar a garganta seca. — Merlin, por que você tem que ser tão bonita?

— Você não precisa dizer nada...

— Sim, sim, eu preciso. Você foi extremamente adorável e preciso que se sinta da mesma maneira que eu enquanto você falava. Mas não sei por onde começar. — sua risada nervosa flutuou entre elas, Hermione sentindo o nervosismo e o friozinho na barriga. — Gosto muito dos seus olhos, sabe? Eles têm uma cor linda, é comum para você, mas sinto que em você eles são a cor mais linda de todas. Seu cabelo está sempre macio e ondulado de um jeito lindo que até te deixa mais bonita que o normal, eu poderia passar o dia todo acariciando seu cabelo, até uma eternidade. — Erika admitiu, um sorriso suave aparecendo em seu rosto. Sua mão pegou a de Hermione, que estava em seu peito, e entrelaçou seus dedos carinhosamente. — E sim, eu sou gentil com os Nifflers e amo muito as criaturas, mas esse amor não é igual ao que sinto por você.

— É bom saber que você não vai me trocar por um Pelúcio ou um Knarl. — Hermione brincou, conseguindo arrancar risadas da garota de olhos azuis.

— Eu não trocaria você por um Pelúcio, nem por um Knarl porque tecnicamente você é igual a um.

Ofendida, a grifinória bateu em seu ombro, fazendo a garota mais alta rir, o que foi interrompida por um novo e terno beijo que encerrou as confissões e o novo relacionamento que havia começado entre elas. Agora elas podiam dizer com orgulho e facilidade que eram namoradas.

Quando se separaram do beijo, Erika escondeu o rosto no pescoço de Hermione, ambas se envolvendo em um abraço e um silêncio que lhes deu a tranquilidade que precisavam naquela noite.

Hermione estava com Erika Frukke, sua namorada, nos braços.

E Erika estava abraçando Hermione Granger, sua namorada.

Ficaram assim por um momento, o barco movendo-se levemente devido à oscilação da água, relaxando-as a ponto de quase adormecerem muitas vezes, tendo que se lembrar que estavam em um barco, fora do castelo e no meio do lago.

Elas não souberam quando Hermione se apoiou nas pernas de Erika enquanto olhavam para as estrelas. A Lufa-Lufa acariciou distraidamente os cabelos macios da Grifinória, que estava com os olhos fechados, deixando-se levar pelo carinho da agora namorada.

— Você aprendeu a ver as constelações quando fez Astronomia? — Hermione perguntou de repente, agora deitada de costas para olhar nos olhos de Erika.

— Não, a verdade é que não. — Erika admitiu suavemente, com um pequeno sorriso no rosto. — Ensina-me.

Erika conseguiu perceber como os olhos de Hermione ganharam um brilho especial e isso gerou uma sensação suave em seu peito, sem conseguir apagar o sorriso terno no rosto ao ver como ela se preparava para explicar.

— Aquele que você vê ali é o grande urso. — sei dedo apontava para uma constelação em forma de concha. — Segundo a mitologia grega, a ninfa Calisto foi transformada em urso pela deusa Hera. Diz-se que foi uma punição por se deixar seduzir por Zeus enquanto era companheira de Ártemis.

— Mas não tem formato de urso... — a garota de olhos azuis murmurou, um pouco confusa enquanto olhava atentamente para a constelação.

— Mas os gregos viam assim e deram-lhe esse nome. Depende muito de onde você vê as constelações, você poderia dizer que a concha que vemos agora faz parte da constelação. Quando voltarmos vou te mostrar a foto, você verá que ela tem o formato de alguma coisa.

Erika assentiu silenciosamente, ainda tentando encontrar o formato da constelação. Ela viu o dedo indicador de Hermione se afastar ligeiramente, seu olhar atento.

— Esse é o ursinho ali. Se você juntar as duas estrelas mais brilhantes da Ursa Maior, elas apontarão diretamente para o norte, em direção à estrela Polaris, que faz parte da Ursa Menor. — Hermione explicou, apontando o dedo indicador para cada estrela de que falava. — Segundo a mitologia grega, o filho de Calisto se transformou no ursinho quando morreu e assim ficou próximo de sua mãe.

— Como você sabe tanto sobre estrelas? — o olhar de Erika baixou do céu para olhar para o rosto de Hermione, que estava sorrindo para ela.

— Porque presto atenção nas aulas, eu acho. — a morena brincou, soltando uma risada ao ver que a mais alta revirou os olhos com um sorriso. — É um tema interessante se você misturar com mitologia e o quanto as estrelas fizeram ao longo dos anos. Por exemplo, muitos vêem a estrela Polaris como um símbolo de esperança, pois presume-se que se a virem durante uma tempestade é porque chegarão à terra em segurança.

— Uma espécie de proteção então?

— Você poderia dizer que sim. Para os navegadores é uma estrela-guia, não sai de sua posição como as outras.

Erika assentiu lentamente enquanto erguia os olhos para procurar novamente a estrela da qual estavam falando. Se ela fosse honesta, ela não teria se importado com o assunto se alguém estivesse contando a ela, mas a emoção com que Hermione estava contando tudo isso a fez dar-lhe toda a atenção do mundo.

— Vou estar esperando ansiosamente que você me mostre o livro com as fotografias, quero muito questionar o formato de urso da Ursa Maior. — Erika disse quase recriminativamente, fazendo Hermione rir.

— Tenho certeza que na sua cabeça você tem uma leve imagem de que parece um urso de verdade e não apenas um urso metafórico. — ela brincou ao sair do colo da Lufa-Lufa para aproximar seu rosto do dela que a olhou meio ofendida. — Se eu estiver certa você me deve algo.

— Como o que? — os olhos azuis claros da garota mais alta viajaram entre os lábios e os olhos da morena.

— Vou pensar sobre isso. — concluiu, afastando-se para sentar no barco sem parar para olhar para ela. — Devemos voltar? Está ficando tarde demais e isso me deixa um pouco ansiosa.

Erika revirou os olhos divertida e assentiu, começando a remar em direção à costa. Quando o barco chegou ao pequeno cais, ela rapidamente o prendeu com uma corda e pulou no cais para poder ajudar Hermione com cuidado, segurando a mão dela com firmeza para que ela não caísse ou perdesse o equilíbrio.

Elas retornaram ao castelo sem nenhum problema sob a capa da invisibilidade. Elas passaram por aurores e monitores em suas respectivas patrulhas até finalmente chegarem à entrada da sala comunal da Grifinória, onde permaneceram sob a capa por um momento.

— Obrigada por esta noite, Eri. Você é adorável. — Hermione sorriu, pegando gentilmente a mão de Erika.

— Não há nada para agradecer, você mereceu que eu lhe pedisse corretamente. Mesmo que não tenha ficado tão perfeito quanto eu queria. — Erika admitiu com um sorriso cansado.

— Ficou perfeitamente do seu jeito. — disse a morena enquanto sua mão subia para acariciar seu rosto. — Às vezes preciso sair da caixa perfeita em que tenho meu dia a dia.

A Lufa-Lufa deixou-se levar pela carícia, virando levemente a cabeça para poder beijar com ternura a palma da mão da Grifinória. Isso deu lugar a um beijo pequeno e curto iniciado por Hermione, que não conseguia se conter porque ainda a tinha tão perto.

Mas ela tinha que voltar para sua sala comunal, então relutantemente se forçou a interromper o beijo.

— Volte com cuidado, por favor. — Hermione pediu ao sair da capa. — Boa noite, Erika.

— Boa noite... Namorada. — Erika se despediu, a última palavra saindo em uma pequena risada que conseguiu fazer a morena sorrir ao entrar pelo buraco do retrato.

Assim que Erika deu dois passos, ela começou a comemorar em silêncio, saltando pequenos enquanto se movia pelos corredores. Ela sentia uma felicidade quase desumana e precisava expressá-la de uma forma, então a cada poucos metros ela tinha que parar para processar e soltar gritos de excitação.

Ao voltar para seu quarto foi invadida por perguntas de Hannah e Susan, que aguardavam ansiosamente seu retorno e para saber o que havia acontecido.

— Como foi?

— O que aconteceu?

— Conte-nos! — elas exclamaram ao mesmo tempo quase em desespero.

Erika ficou sem palavras por um momento, olhando um pouco assustada para as amigas com o quão repentinas eram suas perguntas. Mas isso durou um segundo, pois assim que ela fechou a porta e começou a caminhar até a cama, um sorriso bobo começou a aparecer em seu rosto. De novo.

— Ela disse que sim... — Erika murmurou, revirando os olhos envergonhada e foi imediatamente emboscada por Hannah e Susan.

Suas amigas a abraçaram e começaram a pular com ela enquanto riam. Embora ela já tivesse pulado e gritado de excitação quando Hermione entrou na sala comunal, ela estava prestes a fazer isso na frente de Hermione assim que a ouviu dizer sim.

Mas isso teria sido muito embaraçoso.

Elas foram se deitar depois que Erika contou tudo detalhadamente, Hannah estava com um sorriso de orelha a orelha enquanto Susan a olhava cheia de ternura.

— Eu sabia que ela ia dizer sim. — Hannah disse orgulhosa enquanto se acomodava para dormir.

Erika se acomodou enquanto apagava a luz da mesa de cabeceira. O sorriso em seu rosto era indelével. Ela não conseguiu dormir por horas.

A única coisa que passava pela cabeça dela era Hermione concordando em ser sua namorada e as repetidas vezes que elas se beijaram naquele barco.

_____________

Dezembro chegou e com ele as vésperas das férias de final de ano. Ao mesmo tempo, uma carga acadêmica maior, já que teriam a semana de folga no final do ano. O estresse coletivo dos alunos do sexto ano era evidente, eles os preparavam para o NIEM do ano seguinte e tinham cada vez menos tempo.

Hermione contou a Erika que em um momento de fraqueza, Parvati contou a ela que sua irmã Padma lhe contou que ela havia discutido com Alex sobre algum dever de casa ou responsabilidade fora da sala comunal da Grifinória e que ela parecia exausta como se não fosse a primeira vez que eles brigavam sobre isso.

Mesmo assim, era comum vê-los juntos nos corredores, se beijando e coisas do tipo, mas não com tanta frequência como antes.

E como os rumores se espalharam rapidamente graças aos estudantes e aos fantasmas, a notícia de que Hermione e Erika eram oficialmente namoradas chegou a todos. Ninguém pensava muito na espertinha da Hermione estando com a nerd Erika, exceto Tracey Davis. Cada vez que as via juntas, a Sonserina olhava para elas com ódio, mas nenhuma das duas sabia se eram para as duas ou para uma das duas especificamente.

— Acho que é comigo. — Erika murmurou um dia durante o almoço, seu corpo encolhendo um pouco no assento para tentar se esconder de Tracey. — Ela não parou de me lançar olhares feios desde que entrei, aquela faca não estava tão dobrada há algum tempo...

Muito discretamente, Justin e Hannah se viraram para ver que, de fato, Tracey Davis estava olhando para eles com a mão empunhando uma faca ligeiramente torta.

— Bom, pelo menos sabemos que ela tem muita força. Essas coisas são de metal. — o moreno comentou com leve espanto enquanto eles se endireitavam novamente.

Por sua vez, o mês de dezembro deu lugar ao anúncio de Slughorn sobre sua festa de Natal onde os membros do clube  foram convidados a ir com um convidado se assim desejassem. E claro, Erika e Hermione iriam juntas.

Ou assim parecia.

A sala comunal da Lufa-Lufa era um lugar tranquilo quando chegava a hora do toque de recolher. Os alunos da casa dos texugos preferiam ficar em seus dormitórios durante a noite, depois do jantar, para que ninguém incomodasse ninguém e discussões por causa de barulho ou algo parecido fossem evitadas.

Erika estava voltando de um passeio com Hermione quando encontrou Justin sentado no braço de um dos sofás ali, esperando por ela.

— Estava legal lá fora? — Justin perguntou casualmente e Erika assentiu.

— Sim, parece que vai começar a nevar. — Erika respondeu prestando atenção especial ao amigo que parecia querer lhe contar algo.

— Ei, e se formos juntos à festa do Slughorn? — Justin finalmente disse, desconcertando Erika por um momento.

— Como?

Justin suspirou exageradamente enquanto deixava a cabeça cair para trás como se estivesse reclamando.

— Apenas me diga que sim... Não é que eu esteja interessado em alguma conexão com Slughorn ou algo assim, eu só... Eu quero ir.

— Você quer ir ou... Quer ver Alex. — mais que uma pergunta, afirmou a garota de olhos azuis. Justin revirou os olhos exasperado e Erika cruzou os braços. — Justin, pare com isso. Eu prometo a você que não vale a pena.

— E quando eu disse que era para ele? — Justin se defendeu quase ofendido. — Não me importa o que ele e Padma façam. Eles vão terminar de qualquer maneira, Hermione me disse.

— Sim, e por que você quer ir então?

O rosto do garoto começou a ficar com uma leve cor vermelha enquanto ele desviava o olhar tentando agir com naturalidade.

— Dean Thomas me disse que iria trabalhar como garçom na festa do Slughorn... Ele me perguntou se eu iria e sem pensar eu disse que sim porque iria com você. — Justin soltou quase um murmúrio incompreensível, sem olhar Erika nos olhos. — Por isso.

Erika suportou uma risada zombeteira. Foi muito estranho, quase impossível, ver Justin agir sem pensar. Dos cinco, foi ele quem mais pensou antes de agir, levando em consideração todos os cuidados, e nunca havia demonstrado abertamente quando se sentia atraído por alguém. Mas agora ele estava na frente dela, recentemente confessando ter mentido para Dean Thomas porque certamente está interessado nele.

— Você está me convidando para ir à festa do Slughorn porque... Quer flertar com Dino Thomas? — Erika não conseguia mais esconder a zombaria em sua voz e Justin soltou um gemido exausto.

— Nossa, você é insuportável. — Justin choramingou envergonhado enquanto cruzava os braços. — Eu nunca disse isso, mas sim.

— E por que eu deveria ir com você quando claramente vou com minha namorada?

— Porque somos melhores amigos, dã. — Justin disse a ela obviamente enquanto revirava os olhos. — Não tenho mais ninguém para perguntar... Luna está indo com Ginny e Hermione está tentando cuidar de Harry para que ninguém lhe dê amortentia sem que ele perceba.

— Quem quer dar amortentia a Harry? — Erika perguntou alerta e franzindo a testa. — Por que Hermione não me contou isso e sim a você?

— Porque provavelmente vocês passam o tempo todo comendo a boca. — de forma exagerada ele mostrou a língua, fingindo engasgar. — Certamente eles vão juntos para que parem de tentar envenená-lo de amor ou algo assim, por isso te pergunto.

— Falarei com Hermione sobre isso amanhã, ok? — Erika suspirou, com a testa franzida enquanto pensava no que Hermione não havia contado a ela. — Certamente estamos no caminho certo.

— Só para você ficar tranquila, se você for comigo ou com ela, vocês vão se beijar na festa de qualquer jeito.

— Eu sei. — Erika encolheu os ombros naturalmente, também não era mentira. — Você já sabe pelo menos o que vestir?

— Não, mas eu estava planejando ir para Hogsmeade neste fim de semana. Você vai me acompanhar?

— Claro. Preciso ver os presentes de Natal, estou perdendo muitos. — Erika soltou um bocejo enquanto caminhava em direção às escadas que levavam aos quartos, Justin a seguindo. — Boa noite, Tin. Bons sonhos sobre beijar Dean Thomas vestido de mordomo.

— Boa noite, Eri. Tente não sentir muita falta de Hermione a ponto de beijar sua carteira. — Justin disse zombeteiramente antes de desaparecer no corredor que levava aos quartos dos meninos.

Erika parou de andar e olhou para ele indignada, tentando se defender, mas por motivos óbvios não conseguiu. Merlin, ela ia matar Hannah.

No dia seguinte, Erika procurou Hermione após o término das aulas de Herbologia. Erika pegou a mão dela para levá-la até o fundo das estufas, longe de olhares indiscretos e ouvidos fofoqueiros. A intenção dela era falar sobre o que Justin havia dito, mas a intenção de Hermione era obviamente diferente. Assim que pararam ela puxou a Lufa-Lufa em sua direção para começar a beijá-la. Totalmente confusa, mas sem reclamar, Erika continuou o beijo enquanto suas mãos iam até a cintura da namorada com carinho.

Mas Erika não conseguia se distrair quando precisava falar sobre algo que era importante para Justin. Relutantemente ela se afastou e conseguiu ver o pequeno beicinho que se formou nos lábios da Grifinória.

— Não te trouxe aqui para isso, mas não reclamo que fizemos isso. — Erika admitiu com uma risadinha e Hermione sorriu de volta. — Justin te contou sobre seu desejo de ir à festa de Slughorn?

— Algo assim. Ele me contou o que disse a Dean Thomas sobre ir à festa com você e outras coisas. — Hermione comentou lembrando o que havia conversado com o amigo, as mãos nos ombros da garota mais alta enquanto os acariciava suavemente. — Ele disse mais alguma coisa para você?

— Que você certamente irá com Harry porque ele está a um piscar de olhos de receber amortentia sem que ele perceba.

Hermione suspirou exausta e o movimento de suas mãos nos ombros da namorada parou. Ela revirou os olhos enquanto franzia a testa em indignação.

— É terrível! Agora que ele ganhou mais popularidade por ser "O escolhido", as garotas querem deslumbrá-lo com poções do amor. — Hermione exclamou exasperada, fazendo a garota mais alta sorrir. — Eu disse para ele tomar cuidado com tudo que lhe ofereciam de comida ou bebida, vi um pequeno grupo conversando sobre poções do amor no banheiro feminino e como queriam usá-las com Harry.

— Você não denunciou elas? — Erika inclinou a cabeça curiosamente e Hermione suspirou balançando a cabeça.

— Elas não tinham nada como prova, eram apenas palavras. — as mãos dela desceram dos ombros de Erika até os braços dela, dando um leve aperto. — Tem também algumas que querem te dar poções do amor, eu repreendi elas.

— Elas tinham as poções lá?

— Não, mas elas estavam falando em dar uma poção do amor para minha namorada. — Hermione respondeu imediatamente com obviedade. — Foi uma ameaça suficiente para eu repreendê-las. Já estou farta de lidar com os olhares que Tracey ainda lança para você.

— Ainda? — Erika perguntou com um pouco de tristeza, não pelo fato, mas por Tracey. — Achei que ela fosse desistir...

— Eu pensei a mesma coisa, mas aí está... — ela murmurou, desviando o olhar, ainda chateada.

Erika riu baixinho da atitude ciumenta da Grifinória.

— Então? Você irá com Harry à festa?

— Eu acho... Tudo bem para você? Isso apenas os impediria de lhe oferecer coisas. Mas se você quiser que vamos juntas posso dizer a Harry para falar com Justin.

— Não, está tudo bem. — Erika assegurou imediatamente com um sorriso. — Esses dois têm sorte de conversar e seria desconfortável para os dois, quero poupar-lhes o trabalho. Além disso, nos veremos de qualquer maneira. Não é como se eu fosse sentir falta de ver você vestido com esmero.

— E neste caso será melhor porque será uma surpresa. — Hermione isse quase num sussurro, suas mãos agora brincando com a gravata da mais alta. — Você tem aulas agora?

— A verdade é que tenho um período livre, mas Hagrid me pediu para ser sua assistente na aula do terceiro ano. Eles verão as salamandras e ele precisa de alguém que o ajude para que nenhum descuidado se queime.

Um beicinho se formou nos lábios de Hermione novamente, triste por não poder usar o período livre de lufa-lufa para passar mais tempo com ela. Mas ao mesmo tempo nasceu nela um toque de orgulho ao saber que Hagrid estava pedindo ajuda à namorada nas aulas.

— Eu não sabia que Hagrid te chamava para ser assistente. — Hermione murmurou com um sorriso, suas mãos ainda brincando com a gravata da garota de olhos azuis.

— Nem sempre, só quando ele tem que ensinar algo parcialmente perigoso. — Erika riu, nervosa com a brincadeira da namorada com a gravata. — Você tem aula de runas avançadas, certo?

— Sim, é assim. — Hermione assentiu, suas mãos deixando a gravata cair para os lados e pegar sua bolsa que estava apoiada na grama. — E eu deveria estar andando, sério. Cuidado com salamandras e alunos do terceiro ano, nessa idade eles são um pouco desajeitados.

— Salamandras são inofensivas, alunos do terceiro ano nem tanto. — a Lufa-Lufa brincou e Hermione riu enquanto ajustava a bolsa no ombro. — Tenha uma boa aula, linda.

A grifinória deixou um beijo suave e curto em seus lábios antes de sair para a aula, ambas saindo com um grande sorriso no rosto.

Tornou-se cotidiano para elas flertarem uma com a outra, andarem de mãos dadas ou simplesmente roubarem beijos de vez em quando. A tal ponto que, quando não se viam por terem mais de uma turma diferente, procuravam-se para passar um tempo juntas.

E isso significava que elas estavam felizes. Recuperando o tempo perdido.

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Hogsmeade estava lotada no fim de semana próximo aos feriados de final de ano. O quinteto de texugos teve que se separar para as diferentes coisas que tinham que fazer na pequena cidade naquele dia. Ernie e Susan tiveram que comprar presentes de Natal então não puderam acompanhar os outros três na compra de roupas para a festa de Slughorn. E quem eram eles para reclamar, se Ernie e Susan passassem algum tempo juntos seria melhor para os dois.

Hannah, Justin e Erika visitaram a loja de roupas chiques em Hogsmeade. Felizmente para elas não havia muitas pessoas, ninguém ia àquela loja a menos que houvesse um evento geral de estudantes. Assim que entraram, Hannah foi até a área de vestimentas procurar algo que combinasse com Erika.

— Parece uma cor clara ou escura para você? Sinceramente acho que uma cor não tão brilhante cairia como uma luva em você... — a loira murmurou enquanto revisava cada um dos vestidos que estavam nos passadores.

Erika se aproximou dela enquanto Justin foi até a área onde estavam os trajes, partindo imediatamente para os mais simples.

— A verdade é que não me importo... — Erika respondeu, olhando para os vestidos com pouco incentivo.

Hannah escolheu alguns e deu para a amiga, que com pouco incentivo entrou em um dos provadores que a loja tinha. Ela fechou as cortinas e começou a experimentar os vestidos escolhidos pela amiga com pouco entusiasmo.

Não a entenda mal, não era como se ela não gostasse de usar vestidos ou que os vestidos fossem feios. O problema era que todos eles tinham um fator em comum.

Sua cicatriz era visível.

Cada um dos vestidos que ela experimentou tinha um decote baixo que dava para ver toda ou parte da cicatriz em seu peito. Ela não pôde deixar de ficar um pouco frustrada por não poder usar algo bonito para uma noite especial porque tinha uma marca de formato estranho no peito.

— Eri, você está bem? — Hannah chamou de trás da cortina. — Você precisa de ajuda com um zíper ou algo assim?

Erika colocou a cabeça para fora das cortinas do camarim, parecendo ansiosa e desconfortável. E isso disparou os alarmes de sua melhor amiga.

— Ei, o que está acontecendo? Você parece desconfortável.

— Existem vestidos com decote mais fechado? — Erika perguntou quase em um sussurro e Hannah inclinou a cabeça enquanto se virava para olhar os outros vestidos.

— Decote mais fechado? Escolhi os que mostraram menos porque sei que você não gosta de ficar tão exposta...

— É que... Esses decotes mostram minha cicatriz... — Erika murmurou insegura, quase envergonhada.

A loira entendeu imediatamente e começou a procurar soluções rápidas. Se ela demorasse muito, sua amiga iria desanimar e a última coisa que ela queria era isso. Felizmente para ela, a resposta veio na forma de Justin Finch Fletchley.

— Experimente um terno! — Justin exclamou imediatamente ao ver sua amiga se aproximando com uma roupa azul marinho pendurada no antebraço. — Ou as próprias calças, combine-as com uma blusa e sua cicatriz não será vista.

— Sim, eu acho... — a mulher de olhos azuis murmurou, seu olhar caindo levemente.

— Não se desanime, Eri. Você ficará linda de terno, garanto. — a suavidade na voz da amiga deu um pouco de calma para Erika, que ainda não conseguia se acostumar com a cicatriz. — Tin, traga mais uma dessas, por favor. — ela pediu ao amigo ao mesmo tempo que apontava com o dedo indicador para a roupa que carregava no braço.

Justin assentiu sem perguntar. Deixou suas coisas numa cadeira para os companheiros e voltou pelo caminho por onde viera. Hannah voltou sua atenção para a cabeça de Erika, que ainda estava quase cômica fora da cortina.

Os vestidos eram lindos, mas a cicatriz boba...

— Relaxa, Eri. — a voz suave de Hannah acalmou a ansiedade crescente nela. — Você tem que garantir seu conforto também. Lembre-se de que é normal sentir-se desconfortável com sua cicatriz e que você não quer que mais ninguém a veja.

Erika observou Justin andando pela loja enquanto ele procurava meticulosamente algo para ela. Erika engoliu em seco e olhou para a amiga, mordendo o lábio inferior.

— Hermione quer ver a cicatriz. — Erika soltou um sussurro. Hannah soltou um suspiro alarmado como se ele tivesse contado que Snape havia lavado o cabelo. — Ela parecia muito mal quando você a viu? Eu só quero que pelo menos pareça decente para ela...

— Erika, sinceramente, acho que o mínimo que ela vai fazer é ver a cicatriz. — Hannah riu nasalmente, contendo um sorriso.

— O que você está falando? — Erika perguntou genuinamente confusa, franzindo levemente a testa.

Hannah olhou para ela entediada, claro que Erika não entenderia o verdadeiro significado de Hermione querer ver sua cicatriz.

— Ela literalmente vai te ver sem camisa, Erika. Você não entende? Ela verá você sem camisa. Sem roupas. Sua pele. — Hannah enfatizou cada frase, movendo a cabeça obviamente. — Não me diga que você realmente acha que ela quer ver a cicatriz só para estudá-la...

— Obviamente que sim. Ela disse que queria desenhar para ter uma ideia do que poderia ser. — Erika murmurou com um toque de inocência e Hannah soltou um suspiro exasperado. — Não acho que seja para... Isso...

Hannah estava prestes a refutar que talvez ela estivesse certa ao dizer que Hermione só queria ver a cicatriz, mas também para não ignorar a possibilidade de que isso poderia levar a mais do que estudo de runas, quando Justin voltou com uma calça e blusa branca larga.

— Eu encontrei isso, está tudo bem para você? — Justin ofereceu entregando as duas peças de roupa para Erika que assentiu assim que as recebeu.

Ela fechou a cortina novamente e começou a se trocar. A calça preta ficava bem na cintura, tinha um equilíbrio perfeito entre larga e justa. A blusa branca era longa, então ela presumiu que devia estar enfiada nas calças. Ao fazer isso, a voz de Justin soou.

— Encontrei um colete, acho que ficaria bem. — o moreno colocou a mão enquanto desviava o olhar, esperando a amiga pegar a peça.

Erika pegou o colete e abotoou-o, o tecido grudado em seu tronco e destacando sua cintura. Ela se olhou no espelho e se moveu de um lado para o outro, sorriu levemente ao ver que estava bem. Ela abriu a cortina e Hannah deu um pulo para trás.

— Pelo amor de Merlin, Hermione vai cair quando te ver!

Erika corou intensamente e Justin riu de alegria.

— Ei, acho que seremos o casal mais bem vestido. — Justin brincou com um sorriso torto. — Fico feliz em ver que minha escolha de colete funcionou.

— Obrigada... Vou me trocar rapidamente e depois vou comprar o que preciso. — Erika rapidamente voltou para suas roupas normais.

Eles pagaram tudo e caminharam em direção às movimentadas lojas de Hogsmeade. Erika tinha quase todos os presentes de seus amigos, mas estava faltando alguma coisa para Hermione. Ela não queria dar um livro para ela porque todo mundo já ia dar algo assim para ela, mas também não acreditava na habilidade manual para fazer algo à mão. A vez em que Erika ajudou com o bolo de aniversário dela não tinha dado certo e agora que sua magia estava um pouco instável, menos ainda.

O que poderia ser um presente perfeito para Hermione Granger?

Erika circulou por Hogsmeade milhares de vezes. Ela queria algo que a afastasse de tudo que era estudo e escola, algo que a ajudasse a se distrair, mas ela não sabia o que poderia ajudar sua namorada a se distrair. Erika pensava em algo trouxa, mas não sabia nada sobre coisas trouxas. E se desse a ela algo estúpido pensando que era o melhor presente do mundo?

— Você já passou três vezes por essa mesma loja. — a voz de Ernie a tirou de seus pensamentos. O garoto estava saindo de uma loja de música enquanto colocava uma caixa na bolsa. — A primeira vez que Susan estava procurando algo para Justin, na segunda Susan disse que iria ver meu presente e agora estou saindo da loja sem Susan e com um presente que tive dificuldade em encontrar.

Erika parou e olhou para a amiga um pouco estressada. Ela coçou a cabeça enquanto franzia os lábios, talvez estivesse se revirando há muito tempo.

— Estou procurando um presente para Hermione. — seu olhar pousou na vitrine da loja onde Ernie havia saído. Instrumentos musicais e acessórios para estes estavam em exposição com descontos. — Sinto que não lhe dei nenhum presente que fosse bom.

— Você não comprou para ela aquelas penas caras que quase o fizeram cortar sua cabeça? — o loiro começou a andar sendo seguido pela amiga. — Você poderia optar por algo simples... Um perfume novo?

— Não. — Erika negou, quase escandalizada. — O perfume dela é perfeito, ela não precisa de outro.

— Ah, bem, desculpe...

Eles caminharam pela rua coberta de neve em silêncio, Ernie tentando pensar em ajuda para a amiga. Ao passarem por uma loja que parecia quase uma cabana, ele parou, sem parar para olhar a vitrine, agarrou a gola da jaqueta de Erika para impedi-la de andar e a arrastou em sua direção. Ele apontou para a vitrine e Erika continuou olhando para onde o amigo apontava para ela.

Merlin, Ernie era um gênio.

— Eu não tinha visto isso! — Erika exclamou surpresa, notando como entre alguns livros havia artigos de tricô. — Hermione adora tricotar...

O loiro olhou para ela sem expressão, seus olhos haviam captado o pequeno knarl empalhado que estava em exibição. Ele presumiu que, já que sua amiga comparou a namorada a um, ela iria querer comprar para ela.

— Ah, sim... Os itens de tricô. — Ernie murmurou, observando sua amiga se aproximar para olhar mais de perto. — Claro que foi isso que eu vi.

Erika entrou rapidamente na loja e percebeu que se tratava de uma loja de costura. Lãs e diversos tipos de ferramentas de tricô estavam em exposição. A atendente mostrou tudo o que tinha à venda e Erika escolheu o que mais lhe chamou a atenção, um conjunto de crochê que vinha com milhares de coisas que ela não entendia, mas que tinha certeza que Hermione iria adorar.

Ela saiu da loja satisfeita, já tinha todos os presentes de Natal prontos. Ela até comprou um presente para Pansy, um par de brincos que na opinião de Erika gritava para ser dela.

E assim passaram os dias até que finalmente chegou o jantar de Natal de Slughorn.

Erika e Justin chegaram ao escritório de Slughorn e ficaram surpresos ao encontrar tantas pessoas por toda parte. Assim que colocaram os pés no escritório foram recebidos pela voz alta de Slughorn e seus braços apertando-os em um abraço como forma de saudação.

— Erika Frukke! — ele cumprimentou entusiasmado, arrastando-a para um ponto da sala onde havia um fotógrafo. Um tanto incomodada, Erika sorriu para a câmera e o flash a cegou por um milésimo de segundo. — Espero que você tenha uma boa noite!

Dito isso, o professor foi receber mais gente que chegou. A Lufa-Lufa piscou repetidamente para tirar o aborrecimento do flash de sua vista enquanto Justin se aproximava dela enquanto olhava para Slughorn de forma estranha.

— Espero que ele tenha olhado para mim para dizer olá. — o garoto murmurou um pouco irritado e depois olhou para o amigo. — Você não vai procurar Hermione?

— Eu quero isso, mas a única coisa que vejo agora é o flash da câmera na minha retina. — Erika reclamou enquanto piscava repetidamente.

Justin riu quase zombeteiramente enquanto olhava em volta, se sua amiga não pudesse procurar a namorada pelo menos ele a ajudaria. Mas mais do que encontrar Hermione, ele encontrou Alex ao lado de Padma em um canto conversando calmamente. Ele fez uma cara de desconforto e se aproximou da amiga para falar quase em um sussurro.

— Vou deixar você procurar sua garota, já vi Dean. — seus olhos estavam fixos no moreno parado, reabastecendo uma bandeja de aperitivos.

— Você vai me deixar cega e sozinha? — Erika reclamou indignada, vendo seu amigo se afastar em direção ao Grifinório.

Quase fazendo beicinho, ela caminhou até uma das mesas para pegar uma taça de espumante.

— Desde quando Justin e Dean conversam? — a voz profunda de seu primo o fez pular. Irritada, ela se virou para ele.

— De onde você veio? — Erika reclamou, franzindo a testa.

Alex olhou para ela com atenção e sorriu.

— Eu estava aqui antes de você. — Alex disse a ela obviamente, começando a olhar para a prima em todos os lugares. — Espere até Hermione ver você... — ele zombou, fazendo a prima corar.

— Cala a boca... E Justin e Dean já conversam há algum tempo, ele se dá bem com os Grifinórios. — Erika disse antes de tomar um gole de seu copo, observando seu amigo conversar com o garoto.

— Sim, posso ver. — o ruivo murmurou, observando a interação entre os dois.

— Cuidado, isso parece ciúme. — Erika baixou o olhar, começando a comer alguns pastéis que estavam por perto.

Alex não disse nada em resposta à acusação.

— Hermione está perto da janela conversando com Harry, Ginny e Luna. — Alex apontou mudando de assunto. — Eu a vi ali quando cheguei, dentre todas as pessoas que estão por aqui não sei se ela se mexeu.

Erika olhou para o primo, ele havia mudado completamente de assunto e agora dava para ver como ele estava necessariamente olhando para algum lugar diferente de Justin e Dean conversando. Sem parar de olhá-lo de forma estranha, ela caminhou em direção a uma das janelas depois de levar alguns pastéis, na esperança de encontrar Hermione ou alguém que soubesse onde ela estava.

Ela teve que passar por muitas pessoas, cumprimentando pessoas rapidamente, pessoas que ela não conhecia estavam chamando ela mas ela fingia não ouvir. Ela sabia por que a chamariam; falar sobre seu pai, o sangue de Merlin ou sua irmã. Ela não estava com disposição para isso.

Erika só queria ver sua namorada.

Quando chegou a um lugar um pouco mais afastado de todas as pessoas, perto do banheiro, ela a encontrou. Ela estava na frente de um espelho, arrumando o cabelo como se não estivesse mais perfeito como sempre. Ela estava usando um vestido rosa suave com alças, um espartilho que marcava sua cintura e o decote em V que Erika obviamente só conseguiu olhar por um segundo.

— O que já é perfeito não precisa de conserto. — Erika disse suavemente para anunciar sua chegada e Hermione rapidamente se virou para ela.

Por razões óbvias, sua respiração estagnou.

Cabelo preso em um pequeno rabo de cavalo? O colete acentuando a cintura mais a calça?

Erika Frukke queria matá-la com sua aparência.

— Eu não sabia que você tinha chegado... — Hermione murmurou um pouco atordoada, seu olhar subindo e descendo. — Você está linda.

— E você está linda. — Erika respondeu enquanto se aproximava com passos leves, uma das mãos indo para a cintura dela e a outra para a bochecha dela. — Gosto da sua maquiagem, seus olhos ficam lindos com essa sombra.

Hermione sorriu timidamente olhando para o rosto da garota mais alta. Ela não pôde deixar de rir quando percebeu que o canto do lábio de sua namorada tinha uma mancha de comida.

— E gosto quando você é descuidada. — Hermione disse divertida, tirando um lenço da bolsa. — Achei que você teria os modos de uma garota rica do mundo mágico e aqui estava você andando por aí com a boca cheia de doces.

— Eu estava procurando por você. — Erika se desculpou, sentindo a maciez do lenço da namorada limpar seu lábio. — Se eu ficar mal eles vão parar de querer falar comigo sobre meu pai ou sobre o sangue de Merlin.

— Sim, mas não é bom que tenham uma imagem ruim de você, querida. — Hermione repreendeu carinhosamente, guardando o lenço de volta na bolsa. — Tem muitas pessoas influentes aqui, podem até te ajudar a saber sobre a runa que te deram no verão.

Erika suspirou e desviou o olhar, ela sabia que era verdade. Ela conseguiu ver pessoas do ministério, o Profeta e algumas figuras importantes de diferentes áreas do mundo mágico. E todas aquelas pessoas falavam com ela sobre a mesma coisa: o sangue estúpido de Merlin. Faziam perguntas que ela nem sabia responder, perguntavam sobre a irmã, conversavam com ela sobre a sua mãe. Erika estava exausta porque era sempre o mesmo.

Hermione notou a insegurança e leve irritação no rosto da namorada, seu polegar acariciou suavemente os lábios da garota mais alta para chamar sua atenção, os olhos azuis claros de Erika encontrando os dela.

— Você não precisa fazer isso se não quiser, é apenas uma sugestão para que você encontre as respostas que deseja. — Hermione murmurou ternamente, seu polegar agora acariciando a bochecha da Lufa-Lufa. — Você já viu Luna e Ginny? Eu as vi conversando com Gwenog Jones, Ginny estava sorrindo abertamente.

— Realmente? Isso é ótimo, Ginny ama aquela garota. — Erika riu, agradecida pela mudança de assunto. — Ela está com a namorada e o amor platônico no mesmo lugar, deve estar no paraíso.

— Juro, estava muito nervosa.

Erika ainda olhava para Hermione com um sorriso terno. Ela não conseguia tirar os olhos de sua linda namorada, a penumbra da sala destacava suas feições e seu cabelo tinha uma cor naturalmente mais quente.

— Que bom que viemos separadas... Se tivéssemos vindo juntas acho que não teríamos chegado à festa. — Erika murmurou notando o rubor que começava a aparecer no rosto da morena.

— Sim...?

Erika corou ao perceber os motivos ocultos que poderiam interpretar mal sua frase. Ela rapidamente desviou o olhar e limpou a garganta.

— Quer dizer, eu não gostaria de ir a uma festa com pessoas que não me interessam. — Erika se desviou rapidamente. — Certamente eu teria pedido para você ir a outro lugar para sair.

— A-ah... Claro. — Hermione concordou com um sorriso nervoso.

— As férias são para estar com as pessoas, não para se esconder em ninhos de amor, senhorita Frukke e Granger. — a voz monótona de Snape os assustou. Elas rapidamente se separaram sob o olhar julgador do professor. — Peço que não se afastem. Se vocês querem apenas evitar Horace, ir embora vai piorar as coisas.

— Ah, é... Sim. — Erika assentiu envergonhada.

— Muitas pessoas estão procurando por você, senhorita Frukke. — o homem articulou, olhando para ela com tédio. — Recomendo que você atenda aos seus... Fãs.

Erika e Hermione trocaram olhares e assentiram, afastando-se de mãos dadas para se misturar com a multidão.

Entre todas as pessoas havia rostos familiares de Hogwarts e também de fora de Hogwarts. Erika conseguiu ver como Ginny de fato ainda estava conversando com Gwenog Jones enquanto Luna estava ao lado dela segurando sua mão, seu sorriso suave enquanto observava a ruiva falar emocionada.

— Olá, Eri, gostaria de beber alguma coisa? — Neville ofereceu, chegando de repente ao seu lado com uma bandeja contendo vinhos espumantes.

— Olá, Neville, se eu soubesse que você estava aqui eu teria contado para Hannah. — tomando um gole da bandeja do amigo, ela sorriu para ele.

— Eu não entrei no clube das eminências, mas Slughorn me ofereceu para trabalhar aqui. — ele ofereceu em silêncio para Hermione, mas ela recusou cordialmente — Harry estava procurando por você, bem, vocês duas, na verdade. Ele disse que se encontrasse uma certamente encontraria a outra.

Erika soltou uma pequena risada com isso.

— E onde está Harry?

— Sinceramente não sei, todo mundo quer falar com ele. — o garoto admitiu um pouco nervoso, olhando para todos os lados. — Eles também estão procurando por você, estão em cima de Harry como mariposas para uma luz e tenho certeza que o mesmo acontecerá com você.

A Lufa-Lufa forçou um sorriso, tentando não rir da comparação que seu amigo acabara de fazer.

— Obrigada, Neville. Vou levar isso em consideração. — Neville assentiu e continuou seu caminho para oferecer bebidas. A garota de olhos azuis virou-se para Hermione quase aterrorizada. — Eu não quero conversar com velhos, nunca fui boa nessas coisas.

— Eri, nem todo mundo é velho. E você fará isso bem, você tem o talento de fazer as pessoas gostarem de você. — Hermione assegurou, notando Pansy Parkinson se aproximando pelo canto do olho.

A sonserina estava ao lado de Blaise Zabini, que percebeu a presença delas e começou a sorrir quase zombeteiramente. Parkinson ergueu uma das sobrancelhas, analisando a Lufa-Lufa da cabeça aos pés que não percebia sua presença porque estava atenta a Hermione falando com ela.

— Frukke, odeio dizer isso, mas você parece bem. — Pansy falou, seus olhos se voltando para Hermione. — Granger, saudações.

— Parkinson.

— Frukke e Granger... Assim que descobri sobre vocês, achei surreal. — Blaise riu, um pouco bêbado. — Cuidado, Granger. Erika é muito ruim nessas coisas.

Pansy riu e assentiu.

— Sim, lembro que quando tínhamos 9 anos ela esqueceu quais eram os talheres para comer a entrada e...

— Sim, bela história, obrigada. Devo procurar por Harry. — Erika interrompeu rapidamente, começando a andar, afastando Hermione dos dois sonserinos. — Não dê ouvidos a eles, acham que por nos conhecermos desde pequenos, eles se lembram de tudo como é.

— Não se preocupe, posso perguntar a Danielle sobre isso. — Hermione comentou divertida e Erika suspirou aterrorizada.

— Por favor, não.

Elas conseguiram ver Harry sendo cercado por Slughorn e uma mulher de costas, Erika quis se virar, mas infelizmente para ela, o professor de poções já havia notado sua presença. Hermione agarrou seu pulso e quase a arrastou para mais perto do pequeno grupo.

— Como é bom ter meus alunos três estrelas juntos! — Slughorn comemorou enquanto os dois se aproximavam, seu olhar pousando na mulher a sua frente. — Essas são Erika Frukke, a conhecida sangue de Merlin e Hermione Granger, uma das melhores alunas do ano deles.

Quando Erika chegou ao lado de Harry ela ergueu os olhos para sorrir para a mulher desconhecida, mas assim que encontrou seu olhar seu rosto empalideceu. Olhos suaves, fáceis de confundir com gentis, cabelos castanhos bastante longos, um olhar sério e profissional que endurecia quando caía sobre ela.

Alethia Flint estava na frente dela, analisando-a claramente.

Por que Pansy não a avisou?

— Eu não via a agora conhecida sangue de Merlin há anos. — a voz fraca e perigosa de Alethia deu arrepios na Lufa-Lufa. — A última vez que a vi ela tinha apenas 11 anos.

— Vocês já se conhecem? — Slughorn perguntou com um sorriso. Harry percebeu a atmosfera tensa e franziu a testa para o homem.

— Erika e Pansy são amigas de infância. — a respondeu num murmúrio, seu olhar agora pousando em Hermione. — Prazer em finalmente conhecer você, Hermione Granger. Já ouvi bastante sobre você.

Isso imediatamente alertou Erika. Ela sutilmente se colocou na frente de Hermione de forma protetora, seu olhar sério para Alethia.

— O que você está fazendo aqui? — a menina de olhos azuis deixou as formalidades de lado, apertando levemente a mandíbula.

— A senhorita Flint fazia parte do clube das Eminências em sua época! — o homem sorriu, depois olhou alarmado para a mulher. — Desculpe, eu quis dizer senhorita Parkinson!

— Não se preocupe, Horace. Não uso muito o sobrenome de Spencer. — ela tranquilizou calmamente, seu olhar voltando para Erika. — Cheguei recentemente, tive um pequeno acidente, mas o importante é que cheguei.

Isso explicava porque Pansy não havia mencionado nada sobre sua presença. Talvez ela nem soubesse que a madrasta estava na festa.

Erika estava resistindo à vontade de fugir e deixar a conversa assim. Alethia foi uma das que apoiaram o pai na entrega dela para Voldemort no verão, agora ela estava lá em Hogwarts, na frente dele como se nada tivesse acontecido. Parecia uma maldita piada.

Hermione, por sua vez, estava olhando para ela, como se soubesse quem ela era, mas ao mesmo tempo não quisesse saber. Ela tinha certeza de que aquela era a mulher que ela viu na reunião que eles observaram no Beco do Tranco no verão, a mulher que sussurrou algo para Pansy antes de eles terem que sair por medo de serem pegos espionando.

Se realmente fosse ela, eles estavam em apuros.

— O Sr. Potter comentou que queria ser Auror. — Slughorn falou com um sorriso, enquanto olhava para Alethia. — Que conselho você daria a ele como segunda responsável pelo departamento de Aurores?

Hermione olhou sutilmente para Erika, que desviou o olhar, pensando em como sair daquela situação.

Mas não foi necessário, toda a conversa terminou quando Argus Filch entrou no escritório arrastando Draco Malfoy por uma orelha. A testa de Erika franziu imediatamente e ela conseguiu ouvir um suspiro cansado de Alethia.

— Encontrei esse aí vagando pelos corredores, ele diz que foi convidado para a festa! — disse o zelador enquanto o loiro se debatia.

— Ok, eu entrei! — ele exclamou irritado, libertando-se do aperto do homem.

Erika se virou para olhar para Alethia, mas ela havia desaparecido. Em vez disso, Snape se aproximou de Draco para levá-lo à sala comunal. Relutantemente o loiro o seguiu, e quando a porta se abriu ela conseguiu ver as costas de Alethia recuando para o corredor.

— Vou ao banheiro. — Harry disse de repente, afastando-se deles.

Hermione o seguiu com os olhos e quando Erika começou a segui-lo, ela a parou.

— Pare com isso, não vá. — Hermione repreendeu séria, Pansy saindo do local também, parecendo um pouco pálida. — Você conhecia Alethia?

— Ela é a madrasta de Pansy. — Erika murmurou com o olhar fixo no chão. — Ela queria... — ela parou, não poderia falar disso para Hermione em um lugar cheio de gente. — Ela não gosta de mim. — ela terminou dizendo.-

— Eri, eu vi Alethia naquele dia. — Hermione sussurrou confiante, levando-a para um canto longe de todos. — Você se lembra que eu te contei que vimos Draco e Pansy, que uma mulher sussurrou algo para ela? Foi ela, Eri. Aquela mulher disse algo para Pansy daquela vez.

Erika franziu a testa ao ouvir isso. Se Draco e Pansy tiveram a cerimônia de iniciação dos Comensais da Morte e Alethia falou com Pansy, isso significava que ela tinha um papel importante dentro dos Comensais da Morte. Ela procurou a Sonserina entre as pessoas de sua casa mas não a viu em lugar nenhum, viu Zabini entrando no banheiro masculino mas não viu Pansy em lugar nenhum.

E nem Harry.

Como Harry estava nos corredores procurando onde Snape e Draco haviam se metido, ele precisava saber o que Draco Malfoy estava fazendo sozinho em um corredor durante o jantar de Slughorn. Encontrando-os em um corredor deserto, longe do barulho vindo do escritório de Slughorn, ele se escondeu em sua capa de invisibilidade. Ele se colocou em um lugar onde passaria despercebido, ouvindo sem ter consciência de sua presença.

Snape encurralou Draco em uma das paredes de forma ameaçadora, ele era muito mais alto e intimidador então o loiro olhou para ele com fúria mas ao mesmo tempo com um toque de medo. Snape mencionou algo sobre o quão perigoso era para Draco ser expulso, que eles não tinham tanto tempo, quando ouviu saltos se aproximando e a voz de Alethia ecoou por aquele corredor desolado.

— Pare de ser tão estúpido por algo tão simples e ouça, Severus. — a mulher murmurou asperamente, ganhando um olhar irritado de Malfoy. — Eu entendo que o confinamento do seu pai está fazendo você agir como um bebê, mas mesmo bebês não ficariam presos em corredores vazios com pessoas distraídas.

— Na verdade foi uma decisão tola da sua parte andar sozinho pelos corredores. — Snape assentiu, aquele tom monótono que o caracterizava havia sido substituído por um mais completo, quase desesperado.

— Se eu não tivesse detido Crabbe e Goyle seria diferente!

— Acredite, teria sido pior.

Outros passos foram ouvidos e quando Harry olhou para fora conseguiu ver Pansy, que parecia estranhamente nervosa e ansiosa, algo bastante incomum de se ver nela. Alethia virou-se lentamente para olhar para a sonserina, que manteve o olhar em Draco, ignorando monumentalmente Snape e Alethia.

— Você deveria ter contado ao Blaise. — ela murmurou baixinho e Draco desviou o olhar com um grunhido.

— Você chega a culpá-lo por alguma coisa mas não vejo nenhum progresso com o seu. — o tom pesado de Alethia fez uma careta de aborrecimento aparecer no rosto de Pansy.

— Tenho tudo sob controle. Sutileza é importante para coisas como...

Um barulho agudo e seco foi ouvido no corredor e foi acompanhado por um silêncio mortal. A cabeça de Harry virou-se para eles e ele observou a mulher abaixar lentamente a mão enquanto a cabeça de Pansy estava virada para o lado, sua bochecha ficando com um vermelho vibrante.

— Neste momento não precisamos de sutileza, precisamos de funcionalidade. — a severidade na voz de Alethia marcou cada palavra que ela disse. — Se o Mestre pede algo, deve ser feito com rapidez e eficiência.

— Mas não é tão fácil...

— Tem que ser fácil, Pansy. — ela a interrompeu imediatamente, franzindo a testa. — Você e Draco têm que terminar o que foi ordenado depois, nosso tempo está acabando e o triunfo não deve demorar muito para chegar.

Harry franziu a testa, tentando entender o que eles estavam falando. Triunfo? Ele presumiu que fosse para Voldemort, mas não entendeu o que eles queriam dizer com ficar sem tempo.

— Isso não é tão fácil. — a Sonserina rosnou entre os dentes. — Entendo que ano que vem não vamos voltar para Hogwarts mas temos que manter as aparências para que ninguém suspeite de nada. Já tem gente desconfiando de Draco por todo o esforço que ele está fazendo naquela coisa mofada, eles o veem doente e cansado, e ninguém sabe explicar o porquê.

Draco baixou o olhar, seus lábios se contraíram em uma careta. Era impossível alguém não perceber o fato de que Draco Malfoy estava mais quieto que o normal, mais distraído que o normal e mais pálido que o normal.

— Por outro lado, ninguém suspeita de mim porque estou tornando tudo mais sutil, demorando meu tempo. — ela continuou, pontuando cada palavra.

— Não seja ridícula, Pansy. — Flint bufou revirando os olhos como se tivesse ouvido a coisa mais absurda da vida. — Você não pode comparar a missão de Draco com a sua. O mestre o escolheu, você está simplesmente pagando pelos erros do seu pai.

— Não quero pagar pelos erros do meu pai. — Pansy riu amargamente, obviamente. — Eu não pedi para fazer isso, fui forçada.

— Como muitos. — Alethia respondeu fortemente. — E ainda assim eles fizeram isso com orgulho. Sua missão não é difícil, você teve muitas oportunidades e ainda assim não vejo nem um mísero arranhão.

— Você acha que tudo o que eles nos pedissem passaria despercebido? Tanto os meus quanto os de Draco são perigosos e podemos machucar pessoas que não merecem.

— E desde quando você se preocupa com as pessoas, Pansy?

Snape observou os olhos de sua aluna se arregalarem de surpresa por um momento e depois olharem para baixo, sem saber como responder.

— Devo dizer que você está certa. — Snape entrou na disputa. — Draco já machucou uma aluna inocente por causa de seu desespero para cumprir prazos.

— Ele é filho de Lucius, isso não me surpreende. — a mulher bufou zombeteiramente e Draco cerrou o punho com raiva. — Seja como for, vocês dois devem terminar suas missões o mais rápido possível.

— Vamos terminar as missões sempre que tivermos vontade. — Pansy articulou, estendendo a mão para pegar o pulso de Draco que se aproximou dela rapidamente. Seu olhar caiu sobre Snape. — E espero que esteja claro para você que não precisamos da ajuda de ninguém, mesmo que haja uma promessa inquebrável no meio. Sabemos bem o que fazemos.

Draco lançou a Snape um último olhar ameaçador antes de ser arrastado por Pansy para sabe-se lá onde. Harry ouviu Alethia murmurar algo de frustração antes de caminhar ao lado de Snape de volta ao escritório de Slughorn.

Harry ficou em um estado de confusão compreensível. Aquela conversa deu a ele mais motivos para pensar que Draco Malfoy era um Comensal da Morte, suas suspeitas nunca haviam recaído sobre Pansy Parkinson tão fortemente como naquele momento.

Ele precisava contar a Erika.

______________

Passar o Natal com os Weasley era um costume que Erika estava começando a gostar muito. Ela tinha gostado de passar o verão na toca e ter que passar as férias de Ano Novo lá não poderia ser melhor.

Quase todos estavam reunidos para partilhar a ceia de Natal. Danielle e Penny chegaram ao anoitecer, ambas dando as boas-vindas a Erika que até aquele dia não sabia muito sobre o paradeiro de sua irmã com um abraço. Remus chegou em seguida, junto com Gui e Fleur. E no final, Tonks, que correu para abraçar Penny, pulando animadamente.

Harry, Ron e Erika começaram a conversar assim que ficaram sozinhos na cozinha enquanto cortavam algumas raízes com facas. Harry e Ron fizeram isso preguiçosamente, mas Erika fez isso com dificuldade, ela não tinha ideia de como usar uma faca de cozinha.

— Missão você diz? — perguntou Ron após ouvir o que Harry ouviu após seguir Snape e Draco.

— Sim, algo para o qual não têm tempo e uma promessa inquebrável. — Harry murmurou sem perder a concentração.

— Quem você acha que fez uma promessa inquebrável? — perguntou Erika abaixando a faca com cuidado.

— Snape.

— E você tem certeza? É que... Uma promessa inquebrável não pode ser quebrada e...

— Você chegou a essa conclusão sozinho? — Erika zombou, ganhando um empurrão brincalhão da ruiva.

— Sim, é óbvio. Mas o que acontece se quebrar? — Harry perguntou curioso após soltar uma leve risada.

— Você morre. — Ron e Erika responderam ao mesmo tempo, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Ron, você pode vir um momento?! — Molly foi ouvida na sala e Ron gemeu antes de sair da cozinha.

Erika o seguiu com o olhar e um pequeno sorriso antes de retornar ao trabalho.

— Você falou com Pansy Parkinson? — Harry perguntou de repente e Erika inclinou a cabeça da esquerda para a direita.

— Algo assim. Ela me evita um pouco. Por que?

— Ela não te contou nada sobre algo que tem que fazer? — o de óculos parou os movimentos da faca para olhar para ela. — Se não consigo ter ideia do que um está fazendo, quero saber o que o outro está fazendo.

Erika franziu os lábios, embora tivesse visto Draco na frente daquele armário que Hermione mencionou ser da Borgin & Burkes, ela ainda não sabia exatamente o que ele estava fazendo. Ela não poderia dar-lhe uma declaração vazia se quisessem chegar a algum lugar.

— Ela não me contou nada, Harry. — a garota de olhos azuis lamentou. — Eu não sento com Pansy e converso como as melhores amigas do mundo. Conversamos de forma justa e necessária, acredite.

— Mas ela disse a Snape que eles não precisavam da ajuda dele. Snape quer ajudá-los, você não acha que já é ruim o suficiente saber que eles são obviamente Comensais da Morte?

— Bem, talvez ele queira ajudá-los para que não façam o que têm que fazer. — Erika murmurou pensando em seu próprio jeito de querer ajudar aqueles dois.

— Não, porque estavam falando de um triunfo que tem que acontecer rápido.

— Talvez ele só queira obter informações deles. E pelo que você disse, Alethia deu o suficiente a ele. — Erika disse, e então suspirou. — Olha, eu confio no Snape. Eu sei que sua lealdade é para com Dumbledore e a ordem.

Harry franziu a testa, em sua opinião, Erika era muito branda e ingênua com algumas pessoas. Agora, com Snape. Às vezes, tem momentos em que a empatia da Lufa-Lufa o saturava, ele pensava que ela provavelmente seria muito suave e ingênua com Voldemort se tivesse o contexto de seu passado.

— Vou conversar com o Sr. Weasley e Lupin sobre isso. — Harry murmurou, cortando as raízes novamente.

— Eles vão te dizer a mesma coisa que eu...

— Merlin, você quer cortar sua mão? Não é assim que você pega uma faca de cozinha.

A voz de Hermione fez os dois pularem, temendo que ela tivesse ouvido a conversa que tiveram. Erika olhou para a faca, ela segurava o cabo com todos os dedos, o polegar no topo do cabo enquanto seu braço estava inclinado desconfortavelmente.

— É muito grande e desconfortável de segurar em comparação com os outros. — Erika se desculpou, envergonhada diante do olhar julgador da namorada. — Eu nunca tinha cortado essas coisas, nunca cozinhei.

Harry deu uma risadinha enquanto observava Hermione revirar os olhos e murmurar algo sobre as consequências dos elfos domésticos.

— Deixe-me mostrar a você. — Hermione se ofereceu gentilmente, aproximando-se para pegar a mão de Erika que segurava a faca. — Se isso te incomoda, pode ser porque você é canhota.

— Mas escrevo com a direita.

— Tem gente que é ambidestra, tem habilidade com... As duas mãos. — Hermione limpou a garganta nervosamente após suas últimas palavras. Ela notou que não havia mais raízes para cortar e soltou uma risada nervosa. — Bom, outro dia mostro.

Harry mostrou a língua enojado e saiu da cozinha para ficar longe das demonstrações de carinho entre as duas. Elas ouviram Ron gritar com Fred e George por pregarem uma peça nele e decidiram ir para a sala.

Quando elas chegaram, Bill estava servindo cerveja amanteigada e uísque de fogo para quem quisesse. Danielle aceitou um pouco, mas Penny recusou, enquanto Tonks pegou o copo de Firewhisky imediatamente.

Os olhos castanhos de Danielle pousaram nas mãos entrelaçadas casualmente entre sua irmã e Hermione. Danielle começou a sorrir lentamente enquanto dizia sutilmente a Penny para olhar.

— Já era hora, certo? — a Frukke mais velha falou alto, e a atenção de todos recaiu sobre as duas garotas que agora pareciam nervosas. Penny imediatamente bateu no ombro dela de forma repreensiva.

Erika se sentiu um pouco intimidada ao ver o olhar de todos sobre elas. Ela engoliu nervosamente e ergueu a mão entrelaçada com a de Hermione com um sorriso tímido.

— Ah, sim... Hermione e eu estamos juntas agora. — Erika comentou com as bochechas muito vermelhas pela exposição.

Todos ficaram em silêncio por um momento até que a risada de Fred pôde ser ouvida em voz alta.

— Merlin, George, você me deve. — o ruivo disse, seu irmão gêmeo colocando a mão no bolso enquanto resmungava.

— Você me deve, eu as ajudei. — Tonks disse atrevidamente, esticando a mão na frente de Danielle que a olhou com a testa franzida.

— Não estávamos lá porque eu estava indecisa sobre o que fazer. — Penny se defendeu cruzando os braços.

Erika deixou os ombros caírem de vergonha e silenciosamente pediu desculpas a Hermione, que estava sorrindo, cheia de vergonha, mas emocionada com a reação dos outros.

— Oi, Hermione. Agora que você está namorando Erika, acho que posso contar sobre uma vez que ela comeu drageias com sabor de cera de ouvido e gostou delas. — Danielle disse se aproximando com um sorriso zombeteiro.

— Danielle! — Erika afirmou, começando a corar.

— Ou a vez em que ela foi pescar com os Diggory e um peixe mordeu seu nariz.

— Qual é o seu problema?! Cala a sua boca! — Erika exclamou muito vermelha de vergonha, enquanto sua irmã mais velha ria alto.

— Eles te contaram quando ela disse 'mamãe' para Sprout?

— Suficiente! — Erika choramingou, começando a perseguir sua irmã mais velha por toda a toca.

Hermione riu ao observar as irmãs Frukke correndo pela casa, Danielle morrendo de rir enquanto Erika estava com o rosto vermelho de vergonha e raiva.

— Essas duas são um caos juntas. — Penny comentou com um sorriso suave observando como Erika tentava bater em sua irmã mais velha. — Fico feliz em saber que vocês finalmente estão juntas. Eri te ama muito.

— Eu sei, eu também. — Hermione riu um pouco envergonhada, notando a ternura com que Penny olhou para Danielle, colocando a mão no rosto de Erika para que ela não se aproximasse. — Você e Danielle estão juntas desde a escola, certo?

— Sim, desde o sétimo ano. — Penny assentiu, seu olhar fixo na namorada que agora fingia ignorar as reclamações da irmã mais velha. — Parece um pouco brega, mas ela é meu primeiro amor.

Hermione olhou para ela surpresa, não só porque tinha certeza de que Erika havia lhe contado que Penny e Danielle estavam juntas desde o sexto ano, mas porque dizer que alguém foi seu primeiro amor era... Um título muito grande.

— Realmente.

— Sim... Sempre gostei da Danielle, sempre soube disso, nunca confundi isso com amizade. — a loira admitiu franzindo os lábios com um sorriso melancólico. — Notei no terceiro ano, quando éramos só ela e eu que conversávamos até tarde enquanto Tonks roncava, o jeito que ela tratava minha irmãzinha como se fosse dela. — uma pequena e terna risada escapou de seus lábios. — Ela sempre ajudava todo mundo, cuidava de todo mundo... Foi isso que me fez apaixonar por ela.

Hermione sorriu suavemente e acenou com a cabeça, agora sabendo onde Erika aprendeu a ser tão gentil e atenciosa.

— Mas ela não gostou de mim por muito tempo. — de repente ela soltou uma pequena risada, lembrando daqueles anos de incerteza.

— Como? — Hermione rapidamente olhou para ela em estado de choque, pela maneira como elas agiram, ela jurou que elas estavam loucamente apaixonadas uma pelo outra desde o início.

— Eu sei, parece estranho dadas as circunstâncias atuais. — Penny assentiu, seu olhar caindo levemente. — Mas é normal nem sempre ser a primeira escolha de alguém. Ou neste caso, primeiro amor. Às vezes você simplesmente... Você é uma entre muitas opções.

Hermione franziu a testa ligeiramente e franziu os lábios.

— Penny... Eu...

— Está tudo bem, não estou te contando isso para fazer você se sentir mal. Honestamente, você não deveria. A vida normalmente é assim, você não sabe se vai ficar com quem você ama ou se vai ficar com aquela pessoa até o fim. — Penny limpou a garganta antes de acrescentar rapidamente: — Não estou dizendo que você e Eri não terão algo duradouro, sabe? Entendo que seja um medo comum na sua idade não saber do futuro, mas acredite, é uma questão de ver os olhos dela quando olha para você. É uma conexão muito adorável que vocrs têm.

— Desculpe pela intromissão, tudo bem se você não quiser me contar, mas... Então Danielle estava com outra pessoa antes de você?

Penny riu levemente, seus olhos caindo sobre Hermione com um olhar suave.

— Não, não estava. Mas se as circunstâncias tivessem sido diferentes, com certeza... — a frase ficou no ar, como se só de pensar nisso me desse arrepios.

— Vocês não estariam juntas...?

— Não sei, sinceramente. — Penny admitiu com melancolia e uma risada nervosa. — Estou muito feliz, mas mesmo assim não consigo deixar de pensar o que teria acontecido se isso não tivesse acontecido... — ela se perdeu nas palavras novamente, mas ao notar a expressão preocupada no rosto de Hermione se iluminou novamente. — Desculpe, não é algo que eu deveria falar com alguém da sua idade.

— N-mão, está tudo bem! Não se preocupe, realmente.

—  Só... Deixe acontecer o que tem que acontecer, ok? Se vocês discutem ou algo assim, vocês já sabem como resolver. Vocês ainda são muito jovens, têm muito que conhecer e vivenciar juntas. — ela concluiu rapidamente, brincando com uma mecha de cabelo dela que caiu em seu rosto. — Desculpe, não queria que nossa conversa ficasse estranha. Nem sei por que te contei isso...

— Não se preocupe, Penny, sério. — Hermione assegurou rapidamente, depois pigarreou. — Quando você disse que você e Danielle não teriam ficado juntas devido às circunstâncias... Quer dizer...?

— Entendo sua curiosidade, Hermione, mas não gosto de falar sobre isso. Desculpe. — Penny se desculpou com sinceridade e um pequeno sorriso. — Se você não sabe é porque Danielle não contou a Erika sobre ele...

— "Ele"? — a mais nova perguntou um pouco confusa. — Ah, pensei que Sophie...

Penny riu alto, corando com o quão alto soou.

— Merlin, não! Sophie e Danielle eram melhores amigas, tinham uma amizade estranha. Elas discutiam muito mas se apoiavam muito, eram muito parecidas na personalidade e até na aparência física. No quinto ano, Danielle cortou o cabelo para que parassem de pensar que ela e Sophie eram parentes, mas ainda assim alguns ainda pensavam, ambas odiavam isso. — ela riu melancólica ao lembrar das vezes que aquelas duas discutiram. Agora Sophie era uma bruxa fugitiva e sua namorada não conseguia deixar de olhar para baixo toda vez que encontrava um pôster de 'Procurado'.

— Obrigada por me contar um pouco sobre isso, Penny. — Hermione sorriu gentilmente e Penny negou. — Me desculpe por tentar arrancar mais informações de você...

— Ok, admito que também não fui muito clara em tudo o que disse. Eu deveria te agradecer, Hermione. Erika é como se fosse minha irmãzinha, vê-la feliz é algo que enche meu coração. — Penny dirigiu seu olhar suave para Erika, que estava ao lado de Fred competindo para ver quem conseguia pular mais alto para pegar o Papai Noel que estava voando por aí — Nesse momento você poderia dizer que eu ajudei Danielle a criá-la, por mais difícil que fosse.

O jantar começou alguns minutos depois que a conversa terminou, todos sentados à mesa enquanto a comida era distribuída graças a Molly e seus feitiços. Várias conversas podiam ser ouvidas na longa mesa da toca, risadas e fofocas podiam ser ouvidas como murmúrios enquanto comiam ou tiravam comida das bandejas.

Murmúrios que pararam quando Danielle pediu um momento.

— Posso pedir sua atenção por um momento? — Danielle perguntou quase timidamente, ajeitando a blusa para tirar as rugas. — Primeiramente, fico muito feliz em compartilhar esse jantar com vocês. Apesar dos acontecimentos recentes, sinto que é bom ter um momento de paz com as pessoas que amamos. — todos sorriram ternamente com as palavras de Danielle. A auror sentiu um aperto em sua mão vindo de Penny e limpou a garganta nervosamente. — E, bem... Uh... Uau, é mais difícil de dizer do que eu pensava. — ela murmurou olhando apavorada para a loira que revirou os olhos divertida.

— Estou grávida. — Penny deixou escapar de repente ao ver Danielle nervosa demais para falar.

— O QUE?! — literalmente todos na mesa exclamaram, menos Tonks que sabia da primeira.

— E estou grávida de 5 meses. — Penny acrescentou casualmente, e um novo grito de surpresa foi ouvido por toda a mesa.

— Por que você não me contou quando conversamos da última vez?! — afirmou Erika, levantando-se indignada. Então, ela percebeu: — Droga, foi por isso que você me perguntou o que eu achava dos bebês?!

— Sinceramente, estávamos com preguiça de contar a vocês um por um, então esperamos até hoje para contar. — Danielle admitiu, sentando-se enquanto sua testa estava cheia de suor.

— Tonks sabia, certo? Eu não a vi ficar surpresa até quase cinco segundos depois. — Ginny apontou e Tonks agiu ofendida.

— É que fiquei tão surpresa que demorei para reagir...

— Tonks me ofereceu álcool há alguns dias e quando recusei por motivos óbvios ela começou a me interrogar. — Penny suspirou enquanto segurava uma risada. — Ela disse algo como 'Você me recusa álcool como se estivesse grávida. Porque você não está, certo?' E fui forçada a contar a ele.

— Merlin, Tonks. Pelo menos você soube como guardar o segredo. — Arthur brincou, fazendo todos rirem.

O jantar chegou ao fim, o assunto principal entre todos enquanto eles arrumavam e voltavam para seus quartos era o próximo nascimento do bebê de Penny e Danielle.

Quando todos estavam se preparando para dormir, Danielle e Erika saíram para o pátio dos Weasley, deixando-se envolver pelo silêncio da noite tranquila que as cercava. A menina mais velha tirou um cigarro do bolso e acendeu-o, soprando a fumaça para longe da irmã antes de sorrir um pouco.

—  Gosto de ver você feliz, Eri. — Danielle falou baixinho, apoiando-se em uma das cercas ali. — Penny sabia que algo estava acontecendo entre você e Hermione desde o ano passado. Fiquei muito preocupada quando você começou o quinto ano e ela disse algo como 'Não se preocupe, pelo menos ela está se apaixonando'. — a imitação quase perfeita da voz da loira conseguiu arrancar uma pequena risada de sua irmã mais nova. — Eu não o entendi no começo e quando perguntei para quem ela olhava, ela me olhou com aquela cara que sempre faz quando eu pergunto algo que ela não gosta.

— Sim, eu conheço esse rosto. — Erika riu novamente, olhando para o chão, onde podia ver a diferença de sapatos entre ela e sua irmã. — Ei... Como é que Penny está grávida?

— Você quer os detalhes, talvez? Porque quando duas pessoas se amam muito...

— Cala a sua boca! Você sabe o que eu quero dizer. — Erika a interrompeu batendo no braço da irmã, que riu enquanto as cinzas do cigarro caíam.

— Foi apenas um teste que deu muito certo. — Danielle admitiu, mantendo um sorriso. — Um colega de Penny comentou sobre algumas poções de fertilidade que sobraram de muita coisa no St Mungus. São poções curiosas, sabia? Eles trabalham com transfiguração. É como uma poção polissuco, onde você tem que colocar o cabelo de cada um e depois... Beber.

— E tinha um gosto tão ruim quanto a Poção Polissuco?

— Honestamente, sim. — Danielle riu ao se lembrar de como as duas quase vomitaram assim que tomaram um gole. — Era para você beber todo o conteúdo, mas cada uma pegou metade da garrafa. Não sei o que estávamos pensando, sinceramente... Talvez a experiência de tentar? Quando Penny começou a apresentar sintomas, ambas ficamos incrédulas porque não achávamos que ainda funcionaria.

— Danielle, vocês literalmente tomaram uma poção de fertilidade, como não engravidar? — Erika revirou os olhos ao ver o quão bobo isso parecia.

— Sim, mas as instruções enfatizavam que tudo deveria ser bebido. Mas sim, foi basicamente assim que aconteceu. — Danielle suspirou fechando os olhos, mas imediatamente os abriu. — A mãe de Penny acha que será uma menina. Nesse caso, o nome dela será Elona.

Erika assentiu lentamente, observando Hermione e Ginny olharem por uma das janelas enquanto subiam para o quarto que dividiam. Ela não pôde evitar, por um segundo, se aquele futuro poderia chegar onde ela e Hermione compartilhassem as mesmas notícias. Mas a ilusão foi apagada no momento em que ela tomou consciência da sua situação, do fato de que o seu futuro era totalmente incerto.

Uma criaturinha talvez com os cabelos e olhos de Hermione correndo por uma casa confortável enquanto o mundo ao seu redor estava quieto? Ela sabia que era projetar demais, elas só eram namoradas há quase um mês. Mas ela poderia, pelo menos, permitir-se o pequeno luxo de sonhar.

Quem sabe se ela morresse pudesse se enganar e usar essa imaginação como lembrança de algo que realmente aconteceu.

— O bebê terá nosso sobrenome? — Erika se atreveu a perguntar, mordendo a ponta da língua ansiosa.

— Não. — Danielle respondeu imediatamente, a cabeça de Erika virando-se rapidamente para olhar para a irmã com genuíno e perceptível espanto. — Quero que nosso sobrenome apodreça ao lado do nosso pai, que quando virem minha filha e ouvirem o sobrenome dela não o façam uma cara desconfortável ou de ódio oculto porque seu avô era um assassino. — ela murmurou com raiva, com a testa franzida enquanto seu olhar estava fixo em seus próprios sapatos. — Levar o sobrenome Frukke é carregar tudo o que ele fez, com todos os abusos, e não quero que Elona passe pelo que vivemos. Preconceito, comparações e olhares de pena. Ela viverá o que sempre merecemos, algo tão básico como viver em paz.

Os olhos de Danielle mostravam uma determinação nata, um brilho nos olhos de lágrimas que não tinham força de vontade para cair. Lágrimas que se misturavam entre raiva e tristeza, mas também esperança. Esperava quebrar esse ciclo e, de uma vez por todas, fazer as coisas certas.

— E também vou parar de fumar. — Danielle admitiu em um murmúrio enquanto apagava a bituca do cigarro. — Penny odeia, além disso a fumaça pode machucar o bebê.

— Já era hora. — Erika sorriu e Danielle mexeu no cabelo dela com muita força.

— Eu sei que você também odeia, garota. Os pulmões de bebê não suportam fumaça de nada.

— Eu não tenho pulmões de bebê, tenho quase 17 anos... — Erika resmungou enquanto arrumava o cabelo.

— Me desculpe, mas aos meus olhos você ainda tem 8 anos com ranho pendurado no nariz.

E assim as duas irmãs entraram novamente na toca com pequenos sorrisos, pela primeira vez, sentindo uma tranquilidade inata em suas vidas. Mesmo que tenha sido por um momento.

Assim que entraram Danielle subiu para o quarto que dividiria com Penny, por sua vez, Erika ficou presa entre Ginny e Fred que lhe ofereceu um copo de whisky de fogo.

— Me desculpe... Vou dormir, estou com muito sono. — Erika admitiu cansada e Fred soltou uma reclamação exagerada.

— Faz um tempo que não vemos você, Frukke! Devemos nos atualizar. — George se juntou a eles, fazendo uma cara triste.

— Amanhã? — Erika ofereceu, e os gêmeos aceitaram com relutância. Ela soltou uma pequena risada e se aproximou de Ginny sutilmente. — Ei... A proposta de mudança de quarto ainda é válida?

Ginny olhou para ela confusa por um segundo, mas quando ela se lembrou do que ela havia proposto no verão, seu rosto começou a mostrar um sorriso provocador.

— Ah... Então vocês já estão fazendo isso, né? É por isso que você não quer beber conosco. — Ginny ergueu as sobrancelhas maliciosamente e Erika balançou a cabeça rapidamente enquanto suas bochechas ficavam vermelhas. — Não precisa esconder isso, mas está tudo bem, sim, podemos mudar.

Erika assentiu em agradecimento e subiu as escadas até o quarto onde Hermione estava. Quando ela abriu a porta a encontrou deitada com um livro aberto, claramente, era ela. Erika a fechou com cuidado e sem pensar se deitou ao lado dela, abraçando sua cintura enquanto o queixo dela descansava em seu ombro, aconchegando-se.

— Não vou conseguir me concentrar se tiver você tão perto. — Hermione murmurou, fingindo indignação, mas um sorriso ameaçou escapar quando o nariz do Lufa-Lufa começou a roçar suavemente em sua bochecha.

— O que você lê? — Erika perguntou em um sussurro ao prestar atenção na página que estava aberta.

— Uma biografia não autorizada de Merlin. — fechando o livro, ela o deixou de lado para focar em acariciar a mão de Erika que descansava em sua cintura. — Seus primos ouviram falar desse livro e acham que poderia ter informações relevantes mas não sei... Lea leu um pouco e me disse que aquilo era lixo. Compartilho sua opinião com o que visto.

— Por?

— O livro diz que Merlin e Morgana não eram inimigos, mas sim um casal. — Hermione comentou como se fosse a coisa mais escandalosa do mundo. — E é impossível quando há registros de suas batalhas e histórias deles juntos expressando ódio um pelo outro.

— Talvez eles se odiassem, mas depois se amaram... — Erika propôs e Hermione soltou uma pequena risada zombeteira.

— Querida, existem milhares de livros que explicam o início do ódio mútuo e como eles morreram.

— Mas nenhum deles menciona o sangue de Merlin como algo real e eu sou a prova viva de que é. Por que não acreditar em pelo menos algo fora do comum em um livro?

Hermione permaneceu em silêncio porque não sabia como refutar esse argumento. Era verdade, talvez ela devesse parar de ter a mente tão fechada quando se tratava da história de personagens que morreram há milhares ou centenas de anos. Afinal, a história poderia ser mudada.

— Sim, você está certa. — Hermione assentiu, as carícias na mão da namorada se tornando lentas, quase pensativas. Foi nesse momento que ela se lembrou de algo. — Você lembra que eu falei que... Que poderíamos verificar sua cicatriz esse mês?

Erika parou de respirar por um momento e assentiu, sentindo calor nas bochechas.

— Sim, é verdade. — Erika se separou um pouco do abraço de Hermione, sentando-se na cama em silêncio enquanto encarava sua garota. — Devo tirar agora ou...? — ela perguntou quando suas mãos caíram na barra da camisa.

— A-ah, ei, espere! — Hermione exclamou depois de demorar um pouco para responder. — Deixe-me procurar uma pena e um pergaminho.

A garota de olhos azuis se acomodou enquanto observava a morena ir até sua bolsa e procurar algo para desenhar. Assim que a encontrou, ela se virou e se aproximou da mesa da sala, chamando-a com a mão para se aproximar. Sem hesitar ela saiu da cama, caminhando para o outro lado do quarto, sentando-se em uma cadeira.

— Bem... Você pode... Você pode... Você sabe. — Hermione murmurou, tentando manter uma fachada séria.

Erika riu nervosamente e começou a tirar a camisa lentamente. Ela sentiu o frio da noite em suas costas, um pequeno arrepio percorreu sua espinha tanto pela baixa temperatura quanto por estar na frente de Hermione apenas com seu sutiã.

Erika timidamente pigarreou e Hermione acordou imediatamente, como se não tivesse sido pega olhando para o torso de Erika. Ela tinha consciência dos braços levemente marcados da Lufa-Lufa, mais de uma vez a viu vestindo uma camisa sem mangas, mas era totalmente diferente quando a camisa não estava mais lá.

Sentiu que a situação era um novo nível de confiança entre as duas, uma cena bastante íntima que mostrava a confiança que Erika tinha não só em mostrar a ela a cicatriz com a qual estava tendo problemas, mas em se expor daquela forma diante de outra pessoa.

Hermione notou o nervosismo da Lufa-Lufa, como ela não conseguia olhá-la nos olhos. A cicatriz ficava no esterno, parecia saudável, e para ela a Erika estava muito bonita com aquela cicatriz ali. Destacava-se em sua pele esbranquiçada, mas parecia suave, como se estivesse desaparecendo com a suavidade da pele da garota de olhos azuis.

Hermione limpou a garganta e pegou o pergaminho e a pena um pouco desajeitadamente, concentrando-se no que tinha que fazer: desenhar a runa.

Não no peito de Erika ou algo assim. Bem, sim, em seu peito, mas não em seu... Peito.

Cuidadosamente ela começou a traçar a figura, uma espécie de figura que lembrava uma ampulheta, algumas linhas mais ásperas e outras mais suaves. Hermione arriscou dizer que uma parte era um Z e a outra um S sobreposto. Embora ela não soubesse o que estava no primeiro esboço que Susan desenhou, agora que ela tinha uma visão e uma forma mais claras, era pior.

O que diabos eles colocaram nisso?

— Já terminei, você pode vestir sua camisa. — Hermione murmurou, sua atenção e preocupação focadas na figura que acabara de desenhar. Esquecendo completamente que ela estava com a namorada de sutiã na frente dela.

Erika vestiu a camisa rapidamente e percebeu o quanto a morena ficou preocupada ao olhar o desenho.

— Está muito ruim? — levantando-se da cadeira e se aproximando dela, Hermione balançou levemente a cabeça.

— Não... Bom, não sei. — ela admitiu desanimada. — Eu nunca tinha visto essa runa, para ser sincera. É muito raro.

A Lufa-Lufa percebeu uma pitada de frustração no rosto de Hermione, mordendo o lábio insistentemente enquanto virava o pergaminho na esperança de encontrar algo de outra perspectiva. Como poderia ser tão difícil saber o que Erika tinha no peito?

— Ei... — Erika chamou suavemente, sua mão acariciando o ombro da Grifinória. — Está tudo bem se você não tiver uma resposta imediata, não fique frustrada. Você já está farta de outras coisas...

— Como não ficar frustrada se mesmo com a cicatriz cicatrizada ainda não consigo te ajudar direito? — a frustração na voz dela estava no máximo, estava tensa.

— Você não precisa saber tudo, Hermione. — Erika falou sério, a palma da mão foi colocada sobre o pergaminho que cobria o desenho. — E neste momento não preciso que você saiba tudo sobre algo que ninguém mais sabe, preciso que você esteja relaxada e calma. Preciso de você aqui comigo, ok?

Lentamente a cabeça de Hermione se virou para olhar para Erika, embora sua voz tivesse saído séria, seu rosto mostrava preocupação genuína e não havia nada além de suavidade e carinho em seu olhar. Ela assentiu e deixou a testa cair no ombro da garota mais alta.

— Eu só quero te ajudar... Se ninguém da ordem te der respostas, você tem que procurar em algum lugar... — ela sentiu como as mãos de Erika começaram a acariciar sua cabeça, dando-lhe a tranquilidade que procurava.

— Você não é a única que busca respostas da parte dela, querida. — Erika assegurou, deixando um pequeno beijo na cabeça dela. — Você não deveria carregar todo esse peso, não quero que você fique tão desgastada por algo que eu também posso fazer.

— Eu não me desgasto. — Hermione assegurou imediatamente, sua testa saindo do ombro da garota de olhos azuis para poder olhar para o rosto dela. — Estou bem, eu juro.

— Teimosa. — Erika murmurou assim que sua mão gentilmente pegou o rosto de Hermione, seu polegar acariciando sua bochecha. — Não quero que você pense na runa ou no sangue de Merlin hoje.

— Isso vale para você também, eu acho, certo? — ela contra-atacou, notando como Erika rapidamente desviou o olhar. — Não pense no sangue de Merlin ou em qualquer outra coisa que não seja relaxar ou... Em mim. — Hermione murmurou, seus braços envolvendo o pescoço de Erika enquanto sorria torto para ela.

— Não se preocupe, não é como se eu parasse de pensar em você em algum momento. — Erika assegurou ao se aproximar para beijá-la suavemente.

Hermione ficou um pouco na ponta dos pés, deixando-se levar pelo movimento dos lábios de Erika sobre os dela. A Lufa-Lufa sempre a beijava com delicadeza e cuidado, como se tentasse memorizar cada toque entre seus lábios, cada respiração e cada leve toque entre suas línguas. Hermione estava com a mesa atrás dela, Erika na sua frente com as mãos na sua cintura, traçando padrões com os polegares sobre as roupas.

Não demorou muito para que suas línguas se juntassem ao beijo, pequenos gemidos ecoando no ambiente onde apenas sua respiração e seus lábios colidindo um com o outro podiam ser ouvidos. Elas começaram a se deixar levar pelo beijo, sentindo como a delicadeza ia saindo e dando lugar a algo mais apaixonante, algo que começava a escalar aos poucos. As mãos de Erika apertaram levemente a cintura de Hermione enquanto ela inclinava levemente a cabeça para aprofundar o beijo. Ela sentiu o corpo da Lufa-Lufa pressioná-la levemente contra a mesa, fazendo com que suas mãos caíssem para trás para se equilibrar na borda da mobília, passando a carregar o pergaminho e outras coisas que havia deixado em cima, tudo caindo no chão com um baque surdo.

Elas relutantemente se separaram do beijo, Hermione soltou um suspiro pesado enquanto virava a cabeça para ver tudo que havia caído no chão. Os lábios de Erika seguindo-a fantasmagóricamente na esperança de reconectar o beijo.

— Eu tenho que arrumar isso... — a morena riu baixinho, passando a língua entre os lábios. — Ginny vai voltar e não vai arrumar nada.

— Ela não vai voltar. — Erika assegurou, deixando beijos curtos em sua bochecha. — Trocamos de quarto por hoje.

— Molly vai ficar chateada se descobrir. — Hermione avisou, contendo um suspiro quando os beijos da garota mais alta desceram até seu queixo. — Ginny mencionou que quando Charlie ou Bill traziam namoradas ela pedia para a porta ficar aberta.

— Mas com a porta aberta não consigo te beijar com calma. — Erika murmurou fazendo beicinho o que fez Hermione rir.

— Sim, você pode. — revirando os olhos ela caminhou até sua cama e se deitou, abrindo espaço para Erika. — Agora vem aqui, quero me aconchegar com você.

Erika a seguiu e deitou-se ao lado dela, abraçando sua cintura enquanto escondia a cabeça no espaço entre o pescoço e o ombro. Ela deixou pequenos beijos ali, fazendo com que a Grifinória sentisse cócegas de leve. Elas conversaram a noite toda sobre qualquer coisa que não fosse Hogwarts, o sangue de Merlin ou o quão incerto era o futuro.

Porque naquele momento, naquela noite, eram só as duas respirando. Alguns dias de descanso, pois sabiam que quando voltassem para Hogwarts não teriam um dia tranquilo por muito tempo.

Nossas meninas são NAMORADASSSSSS!

Espero tenham gostado! ❤️❤️

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